A execução de alvenaria consiste em uma etapa fundamental de praticamente todas as obras da construção civil. Por isso, é imprescindível que o responsável por acompanhar este serviço conheça todo o método construtivo e tenha os cuidados necessários para evitar futuros problemas.
Basicamente, alvenaria é toda obra constituída de pedras naturais (tijolos ou blocos) ligadas ou não por meio de argamassa; tendo como principal função a separação de ambientes – no caso da alvenaria de vedação.
Então, vamos partir para o que interessa e conhecer cada etapa do processo de levantamento.
Execução de alvenaria: assentamento
Antes da locação das paredes, é necessário conferir a posição de cada componente estrutural (pilares e vigas) com base na marcação da primeira fiada. Para lançar as medidas, um esquadro de 90° é indispensável na marcação dos cantos, encontros de paredes e colocação da primeira fiada.
Além disso, deve-se limpar e umedecer a superfície que receberá a fiada de marcação. De acordo com Milito (2006), depois de, no mínimo, um dia da impermeabilização, serão erguidas as paredes conforme o projeto de arquitetura.
O serviço é iniciado pelos cantos após o destacamento das paredes (assentamento da primeira fiada), obedecendo o prumo de pedreiro para o alinhamento vertical e o escantilhão no sentido horizontal.
Assim, o restante das fiadas será erguido respeitando as alturas de cada fiada, marcadas no elemento estrutural ou na régua graduada (escantilhão). Além disso, a argamassa de assentamento utilizada é de cimento, cal e areia no traço 1:2:8.
Quando as paredes atingirem a altura de 1,5m aproximadamente, deve-se providenciar o primeiro plano de andaimes, o segundo plano será na altura da laje, se for sobrado, e o terceiro 1,5m acima da laje e assim sucessivamente.
Se as marcações das fiadas estão niveladas, o nivelamento é automático. Mesmo assim, é importante a conferência do nível a cada três ou quatro fiadas assentadas. Da mesma forma, deve-se proceder com a verificação do prumo (SALGADO, 2009).
Execução de alvenaria: amarração entre fiadas
Nas palavras de Salgado (2009), muitas vezes não há a necessidade da ligação entre a alvenaria e a estrutura. Nesses casos, as alvenarias de diferentes alinhamentos são assentadas com as chamadas “amarrações” entre as suas fiadas.
Ou seja: uma parede estará engastada ou ligada à outra. Ainda, os elementos de alvenaria devem ser assentados com as juntas desencontradas, para garantir uma maior resistência e estabilidade dos painéis. Por exemplo:
Além disso, as juntas de assentamento devem ser em amarração para fins de distribuir adequadamente as tensões e as movimentações térmicas. A falta de argamassa nas juntas verticais (“juntas secas”) não é uma boa técnica construtiva, pois além de comprometer a união entre os elementos causa prejuízo quanto à distribuição das tensões verticais oriundas de esforços externos e do peso próprio.
Execução de alvenaria: encunhamento ou respaldo
De acordo com Salgado (2009), em alvenarias destinadas a fechamento (alvenaria de vedação) de vãos entre estruturas deve-se deixar um pequeno vão entre a alvenaria e a viga estrutural. Isso porque se elevá-las até o final pode ocorrer um destacamento da alvenaria da estrutura por causa da acomodação entre as diversas fiadas da alvenaria, além da acomodação estrutural.
Para prevenir tal situação, a alvenaria é interrompida cerca de 20 cm antes do encontro com a viga. Após o período de cura do assentamento da alvenaria e ainda depois do adicionamento das cargas principais do pavimento superior, no caso de prédios de diversos pavimentos, procede-se ao fechamento desse vão que é o chamado “encunhamento”.
O encunhamento é executado com tijolos maciços, assentados e inclinados com argamassa normal, e pressionados entre a viga e a alvenaria já executada. O preenchimento do vão pode ainda ser executado com o uso de espuma expansiva de poliuretano e, nesse caso, o vão entre a alvenaria e a viga não deve ser superior a 3 cm.
Execução de vãos em paredes de alvenaria
Os contornos dos vãos de portas e janelas estão sujeitos a tensões concentradas, por causa das solicitações mecânicas a que as paredes estarão sujeitas, causando fissuras indesejáveis nas bordas.
A fim de evitar a sobrecarga das esquadrias e o surgimento de prováveis trincas, faz-se necessário o uso de vergas e contravergas.
Basicamente:
- Vergas: Elemento estrutural executado acima dos vãos dos caixilhos.
- Contravergas: Elemento estrutural executado imediatamente abaixo dos vãos de janelas e vãos abertos em alvenarias.
Essas peças deverão ultrapassar entre 30 a 40 cm de cada lado do vão.
As vergas e contravergas são executadas colocando-se tábuas em ambas as faces das paredes preenchidas com concreto convencional, porém com brita 1 ou zero, armados com dois ferros de ∅8mm (para vãos até 1,20 m).
Ainda, pode-se optar pela utilização de blocos tipo canaletas para a execução desses elementos.
Palavras finais
Bem, claro que em um único artigo seria impossível abordar TUDO o que é importante acerca do serviço de levantamento de alvenaria e seu processo executivo. Entretanto, tentei buscar os apsectos mais gerais e com fundamento nos melhores autores sobre a área.
Se tiverem quaisquer dúvidas acerca desse tema, escreve aí embaixo que eu te ajudo:).
Abraços do João
Referências:
AZEREDO, H. A. O edifício até sua cobertura. 2. ed. Sao Paulo: Edgar Blucher, 1998.
MILITO, J. A. de. Técnicas de construção civil e construção de edifícios. Apostila. Coordenador Eng. Civil e Prof. Da PUC-Campinas. Sorocaba: Faculdade de Engenharia de Sorocaba (FACENS), 2006, 303p.
SALGADO, Julio. Técnicas e Práticas Construtivas para Edificação, 1.ed. Editora Érica, 2009.
Engenheiro Civil, ex-Griffon (MWSU), SunDevils (ASU), judoca e pseudo-nadador. Pós-graduando em Gerenciamento de Obras e Tecnologia da Construção.
MUITO BOA A EXPLICAÇAO.