Galera, hoje o papo será sobre patologias em instalações de águas pluviais!
Nós devemos tomar cuidado durante a definição ou recomendação dos materiais a serem adotados no sistema do projeto. Portanto, vamos entender melhor quais os problemas mais comuns em sistemas de águas pluviais e algumas soluções.
Patologias em instalações de águas pluviais por colapso do material
Ruptura por subpressão
Lembra do nosso artigo em que falamos um pouco sobre os regimes de escoamento em condutores verticais? Muito bem, este tipo de colapso ocorre do 2º para o 3º estágio.
Assim, os condutores apresentam escoamento sob apreciáveis pressões negativas (depressões), provocadas pelo efeito de sucção da coluna líquida em queda. Logo, em seu interior, ocorrerá algo parecido com um pistão em deslocamento descendente.
Essa ruptura por pressão negativa (“vácuo”) pode ocorrer em colunas de águas pluviais de grande extensão. Então, quando isso ocorre, deve ser verificado também o acúmulo de folhas na embocadura, o subdimensionamento, o caimento da calha etc.
Logo, para resolver o problema, deve-se corrigir erros construtivos; diminuir a área de contribuição, alterar a declividade as calhas, números de condutores maiores ou adoção de materiais mais resistentes (linha Série R fabricada conforme NBR 5.688)
Ressecamento de condutores aparentes
Conforme NBR 10.844/89, os condutores de água pluviais podem ser aparentes ou internos:
Assim, um dos critérios mais ignorados e mais importantes na locação de um condutor a definição do tipo de material. Pois tubos e conexões até podem ser expostos ao sol sem nenhum risco de perder a resistência à pressão hidrostática interna. Entretanto, a ação de raios UV provoca a descoloração (perda de pigmento da peça).
Logo, essa ação provoca o “ressecamento” da superfície externa dos tubos e das conexões, que ficarão mais suscetíveis a rompimentos por impactos externos. Então, em curto prazo, as tubulações expostas perdem a resistência mecânica, podendo apresentar vazamento com maior facilidade.
Patologias em instalações de águas pluviais por condições geométricas
Seção insuficiente de calhas
Nestes casos, é muito comum ocorrer o transbordamento da água admitida pelas calhas. Infelizmente, aqui, a solução é a troca da peça inteira por uma com maiores dimensões, capaz de escoar mais volume de chuva. Logo, esse problema será resolvido ainda nos estágios iniciais do dimensionamento de instalações de águas pluviais.
Então, no projeto de cobertura é necessário que haja o detalhamento do sistema de captação e escoamento de águas pluviais. Por isso, o projetista deve posicionar e pré-dimensionar as calhas – uma vez que representam a primeira no dimensionamento.
Transbordamento por ausência de declividade
A ocorrência de empoçamentos após cessada a chuva pode estar diretamente ligada à ausência de declividade mínima de projeto (0,5%) – exceto as de água furtada – no sentido dos tubos de queda. À luz da NBR 10.844/89:
Apesar de a vazão aumentar consideravelmente com o incremento de declividade, é importante lembrar que o aumento de inclinação nem sempre é viável fisicamente. Então, a solução seria o aumento na capacidade dos condutores, por exemplo.
Além disso, outro fator que diminui a eficiência de calhas é a existência de curvas próximas à embocadura – podendo chegar a 17% de redução.
Patologias em instalações de águas pluviais por falhas de execução
Execução da calha
Por meio de um teste simples pode-se constatar o vazamento em calhas sem a presença de chuva. Então, caso fique verificado que o motivo se deve à execução malfeita, procede-se à execução dos reparos necessários.
Por exemplo, no caso de soldas incompletas, proceder-se-á uma nova solda no local. No caso de furos resultantes de ferrugens de pregos, uma nova solda pode não trazer resultados. Assim, procede-se à troca da peça.
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Erros na colocação dos rufos
Os rufos servem para proteger paredes expostas (ex: rufo pingadeira) ou evitar infiltrações nas juntas entre telhado e parede (rufo interno). Geralmente são executados com chapa metálica e fixados com rebites. Portanto, recomenda-se passar argamassa nas bordas para vedar (1:3). Os erros mais comuns são: falta de embutimento correto na alvenaria, quebra de argamassa de fixação e caimento insuficiente.
Ainda, ressalta-se se que os elementos possuem diferentes coeficientes de dilatação (metais, alvenaria, madeira etc). Com isso, o embutimento nas alvenarias deve prever uma livre dilatação. Caso contrário, poderá ocorrer o estouro do reboco, gerando caminho para entrada de água e a ocorrência de diversas patologias.
Trasbordamento por entupimento de calha
A entrada dos condutores – colarinho ou bocal – é comumente entupida devido ao acúmulo de detritos, tais como folhas de arvores. Portanto, é possível a utilização de telas na calha, evitando os pequenos gargalos na tubulação e facilitando a limpeza e a manutenção.
As calhas obstruídas podem causar retorno (ex: canaletas de piscina ou rampas), danos à alvenaria, erosões em torno da edificação etc. Logo, em áreas próximas a árvores, a limpeza deve ocorrer com maior frequência.
Vazão concentrada nos telhados
Os telhados não devem receber vazões concentradas, que se transformem em carga de impacto sobre eles. Então, caso o telhado mais baixo não tenha sido calculado para receber este impacto, o correto seria transportar a água coletada do nível superior até a calha em nível mais baixo, ou ainda lançá-lo sobre os rufos.
Ligação clandestina Pluviais/Esgoto
As vezes quando o nível do terreno está abaixo do nível da rua, ocorrem ligações clandestinas com a rede de esgoto, sobrecarregando e comprometendo a rede pública coletora de esgoto, pois ela não é dimensionada para suportar essa vazão.
Assim, o dimensionamento das tubulações de esgoto é feito de modo que não chegue a ocupar todo o espaço interno do condutor, não trabalhando à seção plena. Então, quando as águas pluviais vão para as redes de esgoto, causam extravasamento, enchendo a tubulação e pressionando as paredes da tubulação levando à ruptura, provocando refluxos.
Por isso, as instalações de águas pluviais se destinam exclusivamente ao recolhimento e condução de águas de precipitação atmosférica. Logo, não é admitida em hipótese algumas quaisquer outras interligações com outras instalações prediais.
Considerações Finais
Pessoal, infelizmente, o assunto de águas pluviais não pode ser resumido em alguns artigos. Por isso, indico fortemente o nosso curso completíssimo para quem sonha em dar um passo inicial na carreira de projetista: Curso de Instalações Prediais de Águas Pluviais.
Abraços do João!
Engenheiro Civil, ex-Griffon (MWSU), SunDevils (ASU), judoca e pseudo-nadador. Pós-graduando em Gerenciamento de Obras e Tecnologia da Construção.