Extintores de incêndio: descubra qual tipo usar

Já imaginou quantos incêndios poderiam ter sido evitados se os sistemas de combate a incêndio fossem mais levados a sério, se os usuários fossem devidamente treinados a agir em situação de perigo e se os extintores fossem instalados adequadamente e passassem por manutenções periódicas?

Você com certeza sabe o que é um extintor, mas você sabe como usar um?

Pois bem, talvez você queira fazer diferente e está querendo saber qual extintor escolher para sua edificação, qual a quantidade necessária e ainda como fazer a sinalização correta.

Nós, do Guia, temos as respostas para você.

Este foi baseado na ABNT NBR 12693/2010- Sistemas de proteção por extintor de incêndio e NR 23 – Proteção contra incêndios e eu prometo tentar não deixar esse post chato, mas você tem que ficar comigo até o final. Combinados?

Conceitos básicos

Para iniciarmos nosso estudo, precisamos conhecer alguns conceitos fundamentais relacionados aos extintores, são eles:

Agente extintor: Substância utilizada para a extinção da combustão, ou seja, para apagar o fogo. Os principais agentes extintores usados serão vistos mais adiante.

Extintor de incêndio: Aparelho de acionamento manual, constituído de recipiente e acessórios contendo o agente extintor destinado a combater princípios de incêndio.

Princípio de incêndio: Período inicial da queima de materiais, compostos químicos ou equipamentos, enquanto o incêndio é pequeno.

Carga: Quantidade de agente extintor contida no extintor de incêndio, medida em litro ou quilograma.

Capacidade extintora: Medida do poder de extinção de fogo de um extintor, obtida em ensaio prático normalizado.

Unidade extintora: Extintor que atende à capacidade extintora mínima prevista, em função do risco e da natureza do fogo.

Classificação

Agora, veremos como a ABNT NBR 12693/2010 faz a classifica dos fogos, dos risco, dos extintores e dos sistemas de proteção para, posteriormente, entendermos as etapas de um projeto de combate a incêndio.

Classificação dos fogos

A classificação dos fofos é dada em função do material combustível e está compreendida nas classes abaixo.

Fogo classe A: Fogo envolvendo materiais combustíveis sólidos, tais como madeiras, tecidos, papéis, borrachas, plásticos termoestáveis e outras fibras orgânicas, que queimam em superfície e profundidade, deixando resíduos.

Fogo classe B: Fogo envolvendo líquidos e/ou gases inflamáveis ou combustíveis, plásticos e graxas que se liquefazem por ação do calor e queimam somente em superfície.

Fogo classe C: Fogo envolvendo equipamentos e instalações elétricas energizados.

Fogo classe D: Fogo em metais combustíveis, tais como magnésio, titânio, zircônio, sódio, potássio e lítio.

Classes do fogo.
Classes do fogo

Classificação dos riscos

Em relação à proteção contra incêndio por extintores, os riscos  são classificados pela TSIB – Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil em três classes, de acordo com a natureza de suas ocupações, vejamos abaixo.

Risco classe A: risco considerado pequeno (classe de ocupação 01 e 02, excluídos os depósitos).

Risco classe B: risco considerado médio (classe de ocupação 03 a 06, inclusive os depósitos de classe de ocupação 01 e 02).

Risco classe C: risco considerado grande (classe de ocupação 07 a 13).

Classificação dos extintores

Os extintores são classificados conforme a tabela 1 abaixo de acordo com o agente extintor, o princípio de extinção e o sistema de expulsão. Mas antes, veremos alguns dos principais agentes extintores:

Água

Extingue o fogo por arrefecimento e pode ser utilizada na forma de jato ou pulverização. O sistema de jato de água deve ser utilizado apenas para fogos da classe “A”, já a água pulverizada pode ser utilizada em fogos da classe “A” e em fogos da classe “B”, quando se trate de líquidos combustíveis pesados.

Exemplo de um rótulo de um extintor de água pressurizada.
Rótulo de um extintor de água pressurizada

Espuma química

É formada pela mistura de uma solução ácida com outra básica. Quando misturadas intimamente, ambas soluções reagem, produzindo dióxido de carbono (CO2), com o consequente aumento da pressão com que a espuma extintora é lançada. Este tipo de espuma tem o inconveniente de atacar os metais e ser condutora de eletricidade.

Espuma mecânica

É uma massa de bolhas interligadas entre si por um estabilizador, que se aplica na forma de manta sobre os líquidos em combustão, apagando o fogo por abafamento.  É eficaz para combater fogos da classe “A” e “B”.

Rótulo de um extintor de espuma mecânica.
Rótulo de um extintor de espuma mecânica

Pó químico

É um composto químico à base de bicarbonato de soda e um agente hidrófugo. Age por abafamento e paralisação da reação em cadeia. Atualmente são utilizados principalmente dois tipos de pó seco: o pó seco químico normal e o pó polivalente, que é mais efetivo do que o pó normal para fogos do tipo “A”. Além disso, existe uma série de formulações de pó seco especiais para combustíveis do tipo “D”. O pó seco normal é efetivo em fogos da classe “B”, “C” e em fogos com presença de tensão elétrica. Pode ser utilizado naqueles de classe “A”, mas seguidamente será preciso utilizar água para evitar o reacendimento das chamas.

Rótulo de um extintor de pó químico ABC.
Rótulo de um extintor de pó químico ABC.

Gás carbônico

Trata-se de um gás inerte, por isso é utilizado como elemento de abafamento nos incêndios. É eficaz para fogos produzidos por líquidos inflamáveis e nos fogos elétricos, porque não é condutor de eletricidade e não deixa resíduos.

Rótulo de um extintor de gás carbônico.
Rótulo de um extintor de gás carbônico

Hidrocarbonetos halogenados

São Agentes extintores que atuam na extinção de fogos como paralisadores da reação em cadeia. Estes compostos são muito eficazes contra fogos elétricos e aceitáveis para fogos da classe “A” e “B”.

Tabela 1 – Classificação dos extintores

Eles são ainda classificados de acordo com a massa total (recipiente + agente extintor + acessórios) em:

  • Portáteis: Extintores que possuem massa total até 245 N (25 kgf).
  • Sobre rodas: Extintores que possuem massa total superior a 245 N (25 kgf), montados sobre rodas.
Exemplo de um extintor portátil (esquerda) e de um extintor sobre rodas (direita).
Exemplo de um extintor portátil (esquerda) e de um extintor sobre rodas (direita).

Classificação dos sistemas de proteção

Os sistemas de proteção por extintores são classificados em dois tipos:

Sistema tipo 1: Sistemas de extintores portáteis.

Sistema tipo 2: Sistemas de extintores portáteis e sobre rodas.

Projeto de combate a incêndio

Um projeto de combate a por meio dos extintores deve ser projetado considerando:

  • a classe de risco a ser protegida e a respectiva área;
  • a natureza do fogo a ser extinto;
  • o agente extintor a ser utilizado;
  • a capacidade extintora do extintor;
  • a distância máxima a ser percorrida.

Desse modo, apresentaremos a seguir o passo a a passo para a realização de um projeto de modo a atender todos o requisitos citados acima.

1 – Condições de projeto

Abaixo, algumas especificações propostas pela ABNT NBR 12693/2010 para um projeto de combate a incêndio por extintores.

Número mínimo de extintores portáteis

A primeira condição para um projeto é de que, no mínimo 50% do número total de unidades extintoras exigidas para cada risco devem ser constituídos por extintores portáteis.

Especificações dos extintores sobre rodas

Já quando são utilizados extintores sobre rodas, devemos nos atentar ao fato de que:
  • Os extintores sobre rodas somente são adequados  a locais de alto risco, em que se há necessidade de alta vazão, como complementares aos extintores portáteis;
  • um extintor sobre rodas não pode proteger locais situados em pavimentos diferentes;
  • só são admitidos extintores sobre rodas quando tiverem livre acesso a qualquer parte da área protegida, sem impedimentos de portas, soleiras, degraus no piso, materiais e equipamentos;
  • não é considerado como extintor sobre rodas o conjunto de dois ou mais extintores instalados sobre um mesmo suporte e cujo acionamento seja individualizado.

Especificações dos sistemas de proteção tipo 2

Já quando se trata dos sistemas de proteção do tipo 2, compostos por extintores portáteis e sobre rodas, a norma recomenda seu uso preferencial para seguintes atividades:
  • instalações de produção e manipulação, armazenamento e distribuição de derivados de petróleo e/ou solventes polares;
  • atividades de riscos de classe C, como motores elétricos, transformadores refrigerados a óleo e acessórios elétricos;
  • obrigatoriedade para instalação dos edifícios destinados a garagens coletivas e oficinas mecânicas, sempre que tenham área superior a 200 m² e não possuam hidrantes.

2 – Seleção do agente extintor

Para a seleção do agente extintor, devemos previamente ter conhecimento sobre a classe do fogo da área a ser protegida, que depende dos tipos de objeto armazenados no local. Dessa forma, os agentes extintores devem ser selecionados entre os itens da tabela 2 abaixo, desde que sejam adequados para a dada classe de fogo.

Tabela 2 – Seleção do agente extintor segundo a classificação do fogo

Seleção do agente extintor.
Seleção do agente extintor

3 – Locação

Os extintores devem, basicamente, ficar sempre visíveis para todos os usuários, em locais de fácil acesso e, além disso, devem estar protegidos de intempéries e livres ao máximo da probabilidade de o fogo bloquear seu acesso.

No caso dos extintores portáteis, eles não podem ficar em contato direto com o piso. Portanto, quando forem fixados em paredes ou colunas, os suportes devem resistir a três vezes a massa total do extintor e ainda devem ser observadas as seguintes alturas de montagem:

  • a posição da alça de manuseio não deve exceder 1,60 m do piso acabado;
  • a parte inferior deve guardar distância de, no mínimo, 0,10 m do piso, mesmo que apoiado em suporte.

Além disso, deve haver no mínimo um extintor de incêndio portátil a no máximo 5m da porta de acesso principal, entrada do pavimento ou entrada da área de risco.

E no caso de riscos constituídos por armazéns ou depósitos em que não haja processos de trabalho, a não ser operações de carga e descarga, é permitida a colocação dos extintores em grupos e próximos às portas de entrada e/ou saída.

4 – Quantidade

Para a determinação da quantidade de extintores necessários devemos obedecer à distância máxima a ser percorrida pelo usuário, estabelecidas na tabela 3 abaixo, para uma unidade extintora.
Além disso, devemos também sempre levar em consideração que, independentemente da área ocupada, deverá existir pelo menos 2 extintores para cada pavimento.
Tabela 3 – Distância máxima a ser percorrida
Distância máxima a ser percorrida.
Tabela 3 – Número de extintores por unidade extintora
Número de extintores por unidade extintora.

5 – Sinalização

Por fim, veremos uma das partes mais importantes do sistema de proteção contra incêndios:  a sinalização. Já que é ela que guia os usuários em situações de pânico e difícil visualização, como por exemplo em caso de intensa concentração de fumaça.

Abaixo, veremos alguns requisitos importantes para a sinalização do sistema de combate a incêndio para determinados locais.

Sinalização de paredes

Para sinalização de paredes, recomenda-se a utilização de indicadores vermelhos com bordas amarelas situados acima dos extintores. Na faixa vermelha da sinalização, deve constar, no mínimo, a letra“E”na cor branca.

Exemplo de sinalização adequada para paredes.
Exemplo de sinalização adequada para paredes

Sinalização de colunas

A sinalização de coluna deve aparecer em todo o seu contorno. Dessa forma, é recomendada a utilização de setas, círculos ou faixas vermelhas com bordas amarelas, situados em nível superior aos extintores. Além disso, recomenda-se que na parte vermelha da sinalização conste a letra“E” na cor branca, em cada uma de suas faces.

Exemplo de sinalização adequada para colunas.
Exemplo de sinalização adequada para colunas

Sinalização de piso

De modo geral, para sinalização em piso de extintores é pintada de vermelho com bordas amarelas uma larga área do piso embaixo do extintor, a qual não poderá ser obstruída por forma nenhuma.Essa área deverá possuir as seguintes dimensões

  • área pintada de vermelho: 0,70 m x 0,70 m;
  • bordas amarelas: 0,15 m de largura.
Exemplo de sinalização adequada para piso.
Exemplo de sinalização adequada para piso

Sistemas de alarme

Por fim, para que o sistema de combate a incêndio seja efetivo, é necessário um sistema de alarmes eficiente para que todos os usuários fiquem cientes e saibam como agir rapidamente no caso de um possível incêndio.

Para tanto, de acordo com a NR 23 – Proteção contra incêndios, temos:

  • Em estabelecimentos de riscos elevados ou médios deverá haver possuir um sistema de alarme capaz de dar sinais perceptíveis em todos os locais da construção.
  • Cada pavimento do estabelecimento deverá ser provido de um número suficiente de pontos capazes de pôr em ação o sistema de alarme adotado, munido de campainhas ou sirenes que emitam um som diferente de todos os outros dispositivos acústicos do estabelecimento.
  • Os botões de acionamento de alarme devem ser colocados nas áreas comuns dos acessos dos pavimentos, em lugar visível e no interior de caixas lacradas com tampa de vidro ou plástico, facilmente quebrável, com a inscrição “Quebrar em caso de emergência“.
Exemplo de um botão de alarme.
Exemplo de um botão de alarme

 

Esse foi o post sobre extintores de incêndio, agradecemos por visitar o Guia.

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2 comentários em “Extintores de incêndio: descubra qual tipo usar”

  1. Oi bom dia, me chamo Cristina, sou do setor de compras da Prefeitura de Capela de Santana-RS, preciso lhes enviar uma solicitação de orçamento de extintores, podes me passar um email para contato? Obrigada

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