Noções básicas sobre pintura na Construção Civil

A etapa de pintura na Construção Civil constitui uma das fases mais importantes para a apreciação do cliente: o acabamento.  Portanto, é natural que se exija maior controle durante sua execução, a fim de que se garanta a qualidade do produto final, evitando manifestações patológicas indesejáveis e visando a durabilidade do serviço.

Em razão das diversas peculiaridades inerentes ao serviço de pintura na Construção, nesse artigo iremos explorar os aspectos basilares sobre tintas. Ou seja, vamos focar no conhecimento básico para que futuramente tenhamos artigos de aprofundamento técnico.

Então, tenha em mente que o intuito aqui é te ajudar a dar os primeiros passos; do contrário seria necessário um livro inteiro

Introdução à pintura na construção

A pintura nada mais é do que uma camada de recobrimento de uma superfície (substrato); obtida pela aplicação de tintas e vernizes, por exemplo, por meio de técnicas específicas.

Conforme explica Ambrozewicz (2015), a pintura na construção civil é uma camada de acabamento na forma de uma película aderente e de espessura de 1,0 mm; é comum aplicar em peças de concreto, revestimentos argamassados, alvenarias, componentes metálicos e de madeira, pisos, telhas etc.

Este serviço cumpre uma série de finalidades, dentre as quais podemos citar três:

a) Decorativa:

Essa é a primeira finalidade que vem à nossa cabeça; inclusive, é comum acreditarem que a pintura na Construção Civil apenas possui o propósito decorativo. Trata-se, portanto, do acabamento estético garantido pela tinta (ou pelo verniz).

b) Protetora:

A pintura, além da seu vaiar estética, tem a finalidade de combater a deterioração dos materiais, formanda superficialmente uma película resistente à ação das agentes de destruição ou de corrosão (AZEREDO, 2006).

A função decorativa existe desde os tempos pré-históricos, mas a função protetora aparece mais recentemente. As pinturas de manutenção, são aquelas aplicadas primeiramente para proteção e incluem um conjunta de recobrimentos aplicadas ao ferro, aço e concreta.

C) Comunicação:

Não se costuma citar essa finalidade pelas bibliografias técnicas, que se resumem às funções de proteção e estática.

De acordo com Azeredo (2006), as pinturas de comunicação visual, são aquelas cujo propósito primário é a prevenção de acidentes, identificação de equipamentos de segurança, delimitação de áreas e advertindo contra periga, classificando categorias de operárias etc.

Finalidades das pinturas
Finalidades das pinturas

Pintura na construção: Tintas

Genericamente, a tinta pode ser considerada como uma dispersão de pigmentos em um meio aglomerante que, quando seca, ao ser aplicada sobre uma superfície ou substrato, forma uma camada termoplástica ou termofixa (FAGUNDES NETO, 2008).

A NBR 15.156 traz uma definição mais apura em seu item 2.191:

<strong>Tinta</strong>
Produto líquido, pastoso ou em pó, que, quando aplicado a um substrato, passa pelo processo de secagem e cura, formando uma película sólida aderente, impermeável e flexível, apresentando, principalmente, propriedades protetivas, decorativas e de identificação.”

De acordo com Ambrozewicz (2015), os principais tipos de tinta na construção civil são látex (PVA), acrílica, esmaltes sintéticos, texturas, tinta à óleo, à base de cal e à base de epóxi.

alguns tipos de tinta
alguns tipos de tinta

O número de demãos e as indicações sobre a diluição das tintas varia a cada produto adota. Logo, atenha-se às orientações do fabricante!

Além disso, as características mais importantes de uma tinta são o seu rendimento por metro quadrado; a sua força de cobertura da camada de substrato, a sua estabilidade e o seu tempo de secagem (cura).

Ainda, Ambrozewics (2015) nos fornece a seguinte tabela de referência:

Tabela de referência para revestimentos
Tabela de referência para revestimentos

Pintura na construção: componentes das Tintas

De acordo com Uemmoto (2002), com relação à pintura na construção, as tintas são constituídas pelos seguintes componentes: resina ou polímero, pigmento, solvente e aditivos. O que difere um tipo de tinta do outro, no entanto, é a composição e o proporcionamento dos componentes (formulação).

Componentes
Componentes

Assim, temos:

  1. Resinas: também chamada veículo não volátil, é o aglutinante das partículas de pigmento e é ela o agente formador de filme. A composição da resina tem elevada importância nas propriedades da película, apesar de esta ser modificada pelo tipo e teor de pigmento presente;
  2. Pigmento: é o componente responsável pela cor, opacidade ou ação anticorrosiva, em caso de tintas para proteção de superfícies metálicas. Nas tintas látex, o pigmento de maior importância na formulação é o dióxido de titânio devido ao seu elevado índice de refração;
  3. Solvente: também chamado veículo volátil, encontra uso em limas com o objetivo de dissolver a resina e conferir viscosidade adequada para a sua aplicação. O seu teor geralmente é corrigido momentos antes da aplicação, conforme a necessidade, pois depende da viscosidade da tinta e da porosidade e capacidade de absorção do substrato.

Pintura na construção: Formulação

Em serviços de pintura na construção, a formulação de uma tinta consiste na definição das proporções dos componentes utilizados em sua fabricação, a fim de que sejam atendidas as características, propriedades e os requisitos pré-estabelecidos (FAGUNDES NETO, 2008).

Ou seja, uma formulação com baixo teor de pigmento e com um elevado teor de resina, por exemplo, pode resultar e tintas mais brilhantes. Por outro lado, as tintas com elevado teor de pigmento tendem a ser mais foscas.

Conforme ensina Uemmoto (2002), um dos parâmetros mais utilizados para descrever a composição (formulação) de uma tinta é a relação entre pigmento e resina, denominada internacionalmente por PVC (Pigment Volume Content).

Ao tratar sobre o estudo da pintura na construção civil, o autor ensina que o PVC é definido como sendo a fração volumétrica percentual do pigmento sobre o volume total de sólidos do filme seco

Equação

\mathrm{PVC = \dfrac{V_p}{V_p + V_v} \times 100 \%}

 

Este é um fator que influi na porosidade e permeabilidade de um sistema de proteção por barreira, além disso, permite distinguir os acabamentos brilhante, semibrilho e fosco. As tintas foscas possuem um PVC elevado, enquanto uma tinta semibrilho possui um PVC baixo.

Constituintes dos sistemas de pintura na construção

Por fim, é importante ressaltar que o que nós chamamos de pintura não se confunde com a tinta de acabamento.

A pintura na construção é composta por fundos e líquidos preparadores de paredes, massas e, por fim, a tinta de acabamento. Portanto, cada um dos produtos possui uma função definida (UEMMOTO, 2002).

Tipos

I) FUNDO: é um produto destinado à primeira demão ou mais demãos sobre a superfície e funciona como uma ponte entre o substrato e a tinta de acabamento. O fundo é chamado de selador quando aplicado sobre superfícies de argamassa e é indicado para reduzir e/ou uniformizar a absorção de substratos. O fundo é chamado de primer quando aplicado sobre superfícies metálicas; neste caso, entram em sua composição pigmentos anticorrosivos que servem para inibir a corrosão da superfície metálica. Além disso, em caso de superfícies não metálicas temos o washprimer, que é um promotor de adesão.

II) FUNDO PREPARADOR DE PAREDES: tem como característica principal promover a coesão de partículas soltas do substrato, por isso é especialmente recomendada a aplicação sobre superfícies não muito firmes e sem coesão, como, por exemplo: argamassa pobre e sem resistência mecânica, caiação, repinturas ou superfícies constituídas por gesso ou artefatos de gesso;

III) MASSA: é um produto pastoso; altamente pigmentado e serve para a correção de irregularidades da superfície já selada. Assim, aplica-se este produto em camadas muito finas para evitar o aparecimento de fissuras ou reentrâncias

IV) TINTA DE ACABAMENTO: é a parte visível do sistema de pintura. É ela que apresenta as propriedades necessárias para o fim a que se destina, inclusive tonalidade.

REFERÊNCIAS:

AZEREDO, H. A. O Edifício e seu acabamento, 6ª reimpressão. Editora Edgard Blücher, 2006.

AMBROZEWICZ, P. H. L. Construção de edifícios – do início ao fim da obra. São Paulo: PINI, 2015.

FAGUNDES NETO, J. C. P. Perícias de fachadas em edificações: pintura. Universitária de Direito, 2008.

UEMMOTO, K.L. Projeto, Execução e Inspeção de Pinturas. 1.º Edição, CTE, 2002.

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