Chapisco, emboço e reboco: saiba diferenciar

Convencionalmente, o revestimento de paredes consiste das seguintes etapas: chapisco, emboço e reboco. Ocorre que essas atividades exigem diferentes métodos de aplicação, dosagem e controle, a fim de que venha a adquirir suas propriedades desejadas.

Ou seja, a depender das proporções entre os constituintes da mistura e sua aplicação no revestimento, elas recebem diferentes nomes em seu emprego.

Camadas de revestimento (ABCP, 2002)
Camadas de revestimento (ABCP, 2002)

Então, é justamente em razão da importância que cada uma dessas etapas demanda que hoje vamos tratar sobre esses tipos convencionais de revestimentos argamassados, entendendo cada camada.

Preparados? Então, vamos nessa!

Chapisco

De acordo com a ABNT NBR 13529, define-se chapisco como:

Camada de preparo da base, constituída de mistura de cimento, areia e aditivos, aplicada de forma contínua ou descontínua, com a finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento.

Além disso, Fiorito (1994) define como sendo o composto de argamassa de cimento e areia grossa no traço em volume de 1:3 e projetado sobre a superfície da base. O acabamento é extremamente áspero e irregular, criando ancoragens mecânicas para aderência de camada seguinte.

Execução do chapisco:

Inicialmente, devemos molhar razoavelmente toda a superfície da alvenaria. Isso é necessário para que não ocorra absorção, por parte dos blocos, da água necessária à cura do chapisco.

Logo em seguida, deve-se preparar uma argamassa no traço de 1:3 de cimento e areia média ou grossa sem peneirar. Então, deve-se chapar a argamassa do chapisco com energia (de baixo para cima) cobrindo todo o substrato, quando ainda úmido, com fina camada desta argamassa de aproximadamente 5 mm (praticamente o tamanho do agregado).

A intenção é obter uma superfície o mais irregular possível e com ancoragens mecânicas suficientes para perfeita aderência da camada seguinte. Por fim, deve-se aguardar o endurecimento e resistência mecânica do chapisco.

OBSERVAÇÃO:

Caso a superfície seja de concreto, não é necessário molhar a região que irá receber o chapisco. Além disso, se o chapisco é para revestimento decorativo, lança-se a argamassa através de uma peneira de malha média, obtendo-se uma aspereza mais uniforme e homogênea, com um aspecto até agradável.

Além disso, em razão da grande perda de material, durante a aplicação, é aconselhável limpar o piso, para que se possam recolher as sobras e reaproveitá-las em outra finalidade menos importante.

De acordo com a ABCP (2002), o chapisco pode ser realizado, basicamente, de três maneiras:

1) Convencional:

Consiste no lançamento vigoroso de uma argamassa fluida sobre a base com uma colher de pedreiro. Então, a textura final deve ser a de uma película rugosa, aderente e resistente.

Chapisco tradicional (ABCP, 2002)
Chapisco tradicional (ABCP, 2002)

2) Desempenado:

Usualmente aplicado sobre a estrutura de concreto; esse tipo de chapisco é feito com uma argamassa industrializada para esse fim; sendo necessário acrescer somente água. Por fim, esse tipo de chapisco é aplicado com desempenadeira denteada.

Chapisco desempenado (ABCP, 2002)
Chapisco desempenado (ABCP, 2002)

3) Rolado:

Feito com uma argamassa fluida obtida através da mistura de cimento e areia; com adição de água e polímero, usualmente de base PVAC. Além disso, pode ser aplicada tanto na estrutura como na alvenaria, usando-se rolo para textura acrílica. Deve-se atentar para a homogeneização constante e durante a aplicação.

Chapisco rolado (ABCP, 2002)
Chapisco rolado (ABCP, 2002)

Emboço

De acordo com a ABNT NBR 13529, define-se emboço como:

Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base com ou sem chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outra camada de reboco ou de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final.

Logo, o emboço tem a finalidade de regularizar a superfície da alvenaria, preenchendo os eventuais vazios, e principalmente corrigir distorções encontradas no prumo quando da execução da alvenaria.

Trata-se da segunda camada a ser executada, mas somente 24 horas após a aplicação do chapisco. Os traços, em volume, mais usuais são:

  • revestimento externo: 1:2:6 (cimento, cal hidratada e areia média);
  • revestimento interno: 1:2:8 (cimento, cal hidratada e areia média).

A areia deverá ser de rio, lavada, não sendo recomendada areia de cava. Nunca poderá ser usada areia salitrada. Além disso, a aplicação terá de ser feita sobre superfície previamente umedecida. A espessura não poderá exceder a 2 cm. Deverá resultar em superfície áspera, a fim de possibilitar e facilitar a aderência do reboco (YAZIGI, 2011).

Execução do emboço

Primeiramente, deve-se garantir que houve a pega completa do chapisco. Então, o revestimento é iniciado de cima para baixo, ou seja, do telhado para as fundações. Além disso, a superfície deve estar previamente molhada.

Em seguida, é necessária a execução de “taliscas” ou tacos, a fim de proporcionar prumo ao revestimento acabado e alinhamento perfeito; dando assim o aspecto final à alvenaria; além de auxiliar na definição da espessura do revestimento.

Após a consolidação das taliscas, podem ser executadas faixas-mestras (guias) espaçadas de 2 metros, no máximo.

Por fim, procede-se ao emassamento da parede e ao desempeno da argamassa de emboço por meio de um sarrafo, apoiado nas mestras.

taliscas e mestras
taliscas e mestras

Reboco

De acordo com a ABNT NBR 13529, define-se reboco como:

Camada de revestimento utilizada para o cobrimento do emboço; propiciando uma superfície que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no acabamento final.

Portanto, trata-se da terceira camada de acabamento, executada após o emboço. Também é conhecida como revestimento fino. Consiste em uma argamassa de cimento, cal hidratada e areia fina peneirada aplicada numa espessura não maior do que 5 mm; para finalizar e dar acabamento ao emboço, corrigindo eventuais distorções (SALGAO, 2009).

Além disso, o traço usual em volume para esse revestimento é 1:3 (cal e areia fina) com adição de 50 kg de cimento por m³ de argamassa.

 

REFERÊNCIA:

FIORITO, Antônio J. S. I. Manual de argamassas e revestimentos: estudos e procedimentos de execução. PINI, São Paulo, 1994, 236p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de revestimentos de argamassa. 1. ed. São Paulo, SP, (ABCP). 2002.

SALGADO, Julio. Técnicas e Práticas Construtivas para Edificação, 1.ed. Editora Érica, 2009.

MILITO, J. A. de. Técnicas de construção civil e construção de edifícios. Apostila. Coordenador Eng. Civil e Prof. Da PUC-Campinas. Sorocaba: Faculdade de Engenharia de Sorocaba (FACENS), 2006, 303p.

ARAUJO, Tereza Denyse P. de; Notas de Aula, construção de Edifícios I Concreto Armado. Universidade Federal do Ceara, Departamento de Engenharia. 2003.

YAZIGI, Walid. A Técnica de Edificar. 11ª ed. rev e atual. São Paulo: PINI: Sinduscon, 2011.

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