Recalque de fundações: o que é?

Você já ouviu falar dos famosos “edifícios tortos” da orla de Santos? Ou da Torre de Pisa, na Itália? Você sabe o porquê dessas edificações apresentarem desaprumos tão significativos?

Então, isso acontece por conta do recalque de fundações no solo! 

Desaprumo na Torre de Pisa
Desaprumo na Torre de Pisa

Nesse post você irá aprender os principais conceitos que envolvem recalque de fundações, como, por exemplo, o que é o recalque de uma fundação e o que é recalque diferencial.

 Além disso, também serão abordados alguns limites toleráveis para evitar problemas estruturais ou mesmo de utilização da edificação.

Você pode acompanhar o conteúdo do post com a leitura abaixo ou assistindo o vídeo que preparamos para vocês com os principais pontos do texto!

Então, vamos logo ao conteúdo?

Conceitos iniciais

Inicialmente, vamos apresentar o conceito de recalque!

Então, o recalque de uma fundação é basicamente o deslocamento vertical de sua base em relação a um ponto indeslocável, ou seja, um ponto fixo.

Ele ocorre pela variação do volume, ou da forma, do maciço de solo que se encontra abaixo da fundação.

Ou seja, é importante salientar que o recalque de fundações, bem como o desaprumo de edifícios, ocorrem em qualquer edificação, e não só nos famosos casos citados acima.

Porém, é comum que tais deformações tenham pequenas dimensões e sejam praticamente imperceptíveis a olho nu!

Recalque diferencial e absoluto

Outros conceitos importantes são os de recalque diferencial e absoluto.

  • Recalque diferencial (\mathrm{\delta}): também chamado de recalque relativo, é o recalque que ocorre entre duas sapatas.
  • Recalque absoluto (\mathrm{\rho}): é o que ocorre em cada sapata isoladamente;
  •  

Ou seja, se o recalque em duas sapatas vizinhas (S1 e S2) for de 2,0 cm em cada uma das sapatas, podemos dizer que o recalque absoluto em cada uma foi correspondente a tal valor (2,0 cm).

Porém, o recalque diferencial entre as duas é zero, visto que as duas sofreram o mesmo deslocamento.

Recalques absoluto e diferencial
Recalques absoluto e diferencial

O que é preocupante de fato são grandes recalques diferenciais, pois esses acabam por gerar tensões internas nas peças estruturais, além de desaprumos, como já citados anteriormente.

Então, o ideal é que uma edificação apresente fundações com recalques absolutos de ordem de grandeza semelhantes!

Nós podemos ainda dividir o recalque absoluto (\mathrm{\rho}) em duas parcelas:

\mathrm{\rho=\rho_c+\rho_i}

Onde:

  • \mathrm{\rho_c}: recalque por adensamento;
  • \mathrm{\rho_i}: recalque imediato;

Lembrando que o recalque por adensamento é aquele que acontece principalmente em argilas saturadas submetidas a carregamentos constantes.

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Tolerância a recalque

Nós já falamos anteriormente, recalques ocorrem em todos os edifícios.

Mas afinal, qual o limite para esses recalques para evitar problemas estruturais?

Bem, inicialmente, precisamos que você entenda que além dos problemas estruturais, outros inconvenientes podem ocorrer com recalques excessivos.

Por exemplo, fissuras em alvenarias ou até mesmo a dificuldade de abrir ou fechar uma porta pois a mesma parece “torta”.

Por isso, dividiremos os danos causados pela movimentação das fundações em três grupos, segundo Skempton-MacDonald:

  1. Danos arquitetônicos: esse grupo é composto por aqueles danos que causam um desconforto visual dos usuários da edificação, como os desaprumos no prédio e trincas em paredes;
  2. Danos à funcionalidade: esse grupo é caracterizado por danos que ainda não são estruturais, mas que complicam a utilização da edificação. Por exemplo, o desaprumo de um prédio pode inverter inclinações de instalações sanitárias, emperrar portas e janelas ou desgastar o uso de elevadores.
  3. Danos estruturais: são danos que, por comprometerem a estrutura do edifício, põem em risco a estabilidade do mesmo.

E então, sabendo disso, quais os limites de recalque no solo para evitar tais danos?

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Distorção angular e recalques máximos

Então, Skempton e MacDonald pesquisaram centenas de edifícios e chegaram a algumas conclusões.

Eles atribuíram os principais danos à edificações a distorção angular, que nada mais é do que o recalque diferencial (\mathrm{\delta}) entre fundações dividido pela distância entre elas (l), chegando aos seguintes valores:

  • \mathrm{\delta/l=1:300}: acarretam trincas em paredes da edificação;
  • \mathrm{\delta/l=1:150}: distorções angulares dessa ordem de grandeza ocasionam danos estruturais em vigas e pilares;
Distorção angular
Distorção angular

Além disso, também chegou a valores considerados máximos permitidos para recalques diferenciais e absolutos, apresentados no quadro abaixo.

Tipo de recalque

Areia

Argila

\mathrm{\delta_{máx}}

25 mm

40 mm

\mathrm{\rho_{máx}}

40 mm, para sapatas isoladas

65 mm, para sapatas isoladas

\mathrm{\rho_{máx}}

40 a 65mm, para radiês

65 a 100 mm, para radiês

Por fim, vale lembrar que alguns casos, como estruturas de alvenaria estrutural ou prédios elevados, demandam uma análise mais criteriosa dos recalques nas fundações!

 

Então, por hoje é só, pessoal!

Sim, sei que foi um post mais curto, porém esse é apenas o primeiro post sobre esse tema!

No próximo post aprenderemos um pouco sobre Teoria da Elasticidade e sobre como estimar recalques em meios elásticos homogêneos.

Espero que não tenham ficado dúvidas, mas caso você ainda tenha alguma ou tenha sugestões para temas futuros, deixa nos comentários que a gente responde!

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Até a próxima!

1 comentário em “Recalque de fundações: o que é?”

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