Você já tomou um choque?
Mesmo que tenha sido bem pequeno, podemos concordar que é uma sensação bem desagradável.
Mas isso não é nada comparado ao grande perigo por trás de um choque elétrico que pode, em alguns casos, causar danos fatais para animais e pessoas.
É por essa razão que, de acordo com a ABNT NBR 5410:2014, um dos princípios fundamentais de uma instalação elétrica é “proteger as pessoas e os animais contra choques elétricos, seja o risco associado a contato acidental com parte viva perigosa, seja a falhas que possam colocar uma massa acidentalmente sob tensão”.
Portanto, para que sua instalação elétrica seja satisfatória, não basta apenas que todos os pontos elétricos funcionem. É necessário também garantir a segurança dos usuários.
E como proteger a instalação de choques elétricos?
É o que veremos nesse post! Vamos lá?
Ah, se você preferir ver o conteúdo desse post em vídeo, clique na imagem abaixo. Se não, continue a leitura.
Como proteger a instalação contra choques elétricos
A maneira mais eficiente para evitar choques por contato direto em aparelhos elétricos é realizando o correto aterramento da sua instalação elétrica.
Mas o que é aterramento?
Aterramento elétrico
Segundo Creder, aterramento é a ligação de estruturas ou instalações com a terra, a fim de se estabelecer uma referência para a rede elétrica (no caso do aterramento funcional) e também permitir que fluam para a terra correntes elétricas de naturezas diversas (no caso do aterramento de proteção).
Essa ligação é feita com a terra pelo simples fato de o solo oferecer baixa resistência elétrica, o que favorece a passagem de corrente elétrica no sistema para ela, quando necessário.
Tipos de aterramento
A partir desse enunciado, já podemos perceber que existem dois tipos básicos de aterramento: o funcional e o de proteção.
Aterramento funcional
O aterramento funcional consiste, basicamente, na ligação de um dos condutores da instalação (geralmente o neutro) com a terra para manter o equilíbrio entre as fases do sistema e está relacionado ao funcionamento correto, seguro e confiável e também à proteção da instalação em caso de descargas atmosféricas.
Aterramento de proteção
Por outro lado, o aterramento de proteção, como o próprio nome sugere, consiste na ligação à terra das massas (equipamentos) visando à proteção dos usuários contra choques elétricos por contato direto em caso de descargas eletrostáticas e correntes de faltas, por exemplo.
![Aterramento de proteção](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2020/04/aterramento-protecao.jpg)
Agora que já sabemos o que é um aterramento e qual é a sua função, iremos agora conhecer os principais esquemas de aterramento para que possamos decidir qual é o mais adequado para cada situação.
Esquemas de aterramento
Antes de começarmos, precisamos entender que os esquemas de aterramento são classificados de acordo com a situação da alimentação e das massas com relação à terra, conforme veremos.
A primeira letra da classificação identifica a situação da alimentação em relação à terra e pode ser T ou I:
- T – um ponto diretamente aterrado;
- I – isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um ponto através de impedância (carga resistiva total de um circuito de corrente alternada).
A segunda letra da classificação identifica a situação das massas da instalação com relação à terra e pode ser T ou N:
- T – massas diretamente aterradas, independente do aterramento eventual de um ponto da alimentação;
- N – massas ligadas ao ponto da alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o ponto neutro)
As outras duas letras que podem aparecer na classificação identificam a disposição dos condutores neutro e de proteção e podem ser S ou C:
- S – condutores neutro e de proteção separados;
- C – neutro e de proteção combinados em um único condutor chamado de condutor PEN.
Agora que conhecemos a origem da nomenclatura dos esquemas, veremos cada um deles a seguir.
Esquema TN
De acordo com a nomenclatura, já podemos deduzir que esse esquema possui um único ponto de alimentação diretamente aterrado e que as massas, todos os equipamentos, estão ligadas a esse ponto.
Caso você esteja se perguntando, essa ligação entre as massas e a alimentação, de acordo com NBR 5410, é feita através de condutores de proteção.
Vale lembrar ainda que esse é o sistema de aterramento mais comum encontrado em instalações de baixa tensão no nosso pais.
O funcionamento do esquema TN puro e simples ocorre dessa forma, mas existem ainda 3 variantes desse esquema de acordo com a disposição dos condutores neutro e de proteção, conforme a seguir.
Esquema TN-S
Nesse esquema, o condutor neutro e o condutor de proteção são separados.
![Esquema TN-S](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2020/04/esquema-tns-1.jpg)
Esquema TN-C-S
Nesse esquema, as funções de neutro e de proteção são combinadas em um único condutor em apenas uma parte da instalação.
![Esquema TN-C-S](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2020/04/esquema-tnsc-1.jpg)
Esquema TN-C
Já nesse último esquema TN, as funções de neutro e de proteção são combinadas em um único condutor em toda a instalação, chamado de condutor PEN.
![Esquema TN-C](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2020/04/esquema-tnc-1.jpg)
Antes de passarmos para o sistema seguinte, é importante ressaltar que, para o esquema TN-C, a proteção do circuito em caso de corrente de falta apenas pode ser realizada por dispositivo a sobrecorrente (disjuntor convencional), uma vez que esse esquema é incompatível com o disjuntor DR (diferencial-residual), enquanto no esquema TN-S ambos os dispositivos podem ser utilizados.
Esquema TT
De acordo com a nomenclatura, podemos deduzir que esse esquema possui um único ponto de alimentação diretamente aterrado e que as massas também estão diretamente aterradas através de eletrodos de aterramento independentes do aterramento da alimentação.
Em outras palavras, nesse esquema, o aterramento das masas e da alimentação são distintos, conforme os exemplos abaixo.
![Esquema TT](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2020/04/esquema-tt.jpg)
Nesse esquema, quando ocorre uma corrente de falta, ela não chega a ultrapassar o valor de uma corrente de curto-circuito, o que significa que o disjuntor convencional não seccionará. É por essa razão que, neste sistema, a proteção por disjuntor DR é obrigatória.
Esquema IT
Analisando a nomenclatura, no esquema IT, ao invés de existir um ponto de alimentação diretamente aterrado, o sistema é isolado da terra ou o aterrado através de impedância, dessa forma, apenas as massas são diretamente aterradas.
Dito isso, o aterramento das massas pode ser realizado de duas formas: individual ou por grupos (como no esquema TT) ou coletivamente aterradas (como no esquema TN).
Veremos agora alguns exemplos do esquema IT para entendermos melhor.
![Esquema IT](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2020/04/esquema-it.jpg)
No sistema IT, em caso de fuga de corrente, o circuito não é imediatamente desligado. É por essa razão que ele é indicado para situações em que a continuidade da alimentação seja essencial como, por exemplo, em hospitais e processos industriais delicados.
Dessa forma, nesse esquema não deve haver um neutro distribuído pela instalação, sendo obrigatória a utilização de dispositivo supervisor de isolamento (DSI) com alerta sonoro e/ou visual.
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Pois bem, pessoal, espero muito que esse post tenha te ajudado a aprender como proteger sua instalação de choques elétricos.
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Fonte:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, p. 217. 2004.
CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
![](https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2019/01/dandara.jpg)
Engenheira Civil pela Universidade Federal do Piauí, engenheira de obra, perita judicial e pós-graduanda em Avaliação, Auditoria e Perícias de Engenharia.