Aposto que você já se perguntou para que servem os dispositivos DTM, DR, IDR, DDR e DPS e qual exatamente é a diferença entre eles.
Se isso está acontecendo agora mesmo e você veio aqui atrás de respostas, te garanto que está no lugar certo!
Nesse post, aprenderemos juntos sobre os dispositivos de seccionamento e proteção da sua instalação elétrica para que possamos entender em qual situação eles devem ser utilizados e para quê.
Mas não sem antes fazermos uma breve revisão de alguns conceitos importantes da área de instalações elétricas para que tudo fique ainda mais claro para você.
Ficou curioso? Então confira baixo!
Conceitos fundamentais
Antes de aprendermos sobre os dispositivos de seccionamento e proteção, precisamos revisar alguns conceitos básicos para que tenhamos um entendimento completo de todos os termos utilizados no decorrer desse post. Isso, caso você ainda não esteja familiarizado com esses conceitos.
Corrente de falta
A corrente de falta nada mais é do a corrente que percorre um caminho diferente do normal para a instalação elétrica, em caso de falta, ou seja, quando ocorre uma falha na instalação.
Para esse tipo de corrente existem também outras nomenclaturas que talvez você conheça como, por exemplo, corrente de fuga, corrente de falha ou corrente diferencial residual e todas indicam o mesmo problema: um possível defeito na sua instalação.
Curto-circuito
Provavelmente você associa esse nome a algo ruim e isso tem um motivo: os curtos-circuitos, por provocarem faíscas ou até explosões, estão entre as principais causas de incêndios em instalações elétricas mal conservadas ou com erros de dimensionamento.
Mas o que ele significa?
Curto-circuito é um fenômeno oriundo do aumento intenso de corrente elétrica devido à redução abrupta da impedância em um circuito. Desse modo, forma-se um caminho mais curto por onde a corrente elétrica pode passar e é por isso que o chamamos assim.
Sobrecarga
Como o nome sugere, a sobrecarga é o excesso da carga em um circuito e ela é detectada quando a corrente ultrapassa o valor da intensidade nominal do disjuntor nai nstalação, provocando uma sobrecorrente.
Sobretensão
A sobretensão, assim como a sobrecorrente, é um excesso, neste caso, de tensão sobre um equipamento operando a tensão nominal.
Entre as causas mais comuns desse fenômeno podemos citas as descargas atmosféricas, que podem comprometer toda a instalação em questão de segundos.
Proteção supletiva
Segundo a NBR 5410, a proteção supletiva é um meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos, quando massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente vivas.
Desse modo, fazem parte da proteção supletiva a equipotencialização e os dispositivos de seccionamento, que veremos no decorrer do post.
Equipotencialização
Como o nome sugere, a equipotencialização nada mais é do que igualar ao máximo possível a diferença de potencial entre dois ou mais corpos e isso é feito através de condutores.
Dessa forma, a equipotencialização é um recurso usado na proteção contra choques elétricos e na proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas
No entanto, ela não é o suficiente para impedir o aparecimento de tensões de contato perigosas. É por essa razão que a equipotencialização e o seccionamento automático se completam, de forma indissociável.
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Pois bem, após essa pequena revisão, já estamos prontos para adentrarmos no nosso assunto de interesse, que são os dispositivos de seccionamento e proteção.
Dispositivos de seccionamento e proteção
Se você preferir ver o conteúdo desse post em vídeo, clique na imagem abaixo. Se não, continue a leitura.
Iremos observar que a maioria dos dispositivos estudados neste post possuem características bem parecidas, então, para que não haja confusão e você compreenda a diferença entre eles de uma vez por todas, focaremos nas particularidades de cada um deles.
Como vocês verão, esses dispositivos também são fisicamente muito parecidos, por isso preste sempre muita atenção caso precise realizar a comprar de algum deles e lembre-se que todos eles são igualmente importantes para a instalação.
Disjuntor Termomagnético (DTM)
Iremos começar pelos DTMs e aposto que você já os conhece bem. Eles são os disjuntores que protegem os circuitos elétricos lá no quadro de distribuição e são exatamente eles que você desliga quando precisa fazer alguma uma manutenção no circuito.
Além de proteger os circuitos, os DTMs também são comumente utilizados como disjuntor geral dos quadros.
Mas como funciona essa proteção?
Então, quando um circuito elétrico é submetido a uma sobrecarga excessiva por um certo período de tempo ou por um curto-circuito, ocorre um aquecimento incomum dos condutores envolvidos.
É nesse momento que os disjuntos termomagnéticos atuam, causando o seccionamento do circuito na presença de picos muito altos de corrente ou sinais de sobreaquecimento.
Dessa forma, podemos resumir que os DTMs atuam contra as sobrecargas e curtos-circuitos e, portanto, devem ser ligados nos condutores fase da instalação elétrica.
Agora que sabemos onde utilizá-lo e para quê, iremos conhecer os tipos de DTMs existentes no mercado para que saibamos qual o mais adequado para cada situação.
Classificação dos disjuntores termomagnéticos
Curva B
Os disjuntores de curva B são usados onde se espera um curto-circuito com baixa intensidade. Normalmente, ele é usado em circuitos de cargas resistivas residenciais, onde a demanda de corrente de partida do equipamento é baixa.
Como exemplo de uso desse tipo de disjuntor, podemos citar os circuitos de chuveiro elétrico, aquecedores elétricos, secadores de cabelo e tomada de uso geral (TUGs).
Curva C
Os disjuntores de curva C, por sua vez, são usados onde se espera uma curto-circuito de intensidade média e onde a demanda de corrente para partida de equipamentos é mediana.
Dessa forma, eles são indicados para circuitos de cargas indutivas, como bombas de piscina, ar condicionados, micro-ondas e circuitos de iluminação de lâmpadas fluorescentes.
Curva D
Por fim, os disjuntores de curva D são usados onde se espera uma curto-circuito de intensidade alta e onde a corrente de partida é muito acentuada, sendo muito utilizados em grande motores e grandes transformadores.
Dispositivo Diferencial Residual (DR)
DR é um nome genérico dado a qualquer dispositivo que atua contra correntes diferenciais residuais, ou seja, contra as correntes de fuga que podem prejudicar a segurança dos usuários.
No entanto, no mercado, é muito comum observarmos a nomenclatura DR sendo associada a um IDR, que é um interruptor diferencial residual. Portanto, é recomendado que fiquem sempre atentos a isso, pois normalmente DR e IDR são considerados o mesmo objeto, variando a nomenclatura de acordo com o fabricante do produto.
Interruptor Diferencial Residual (IDR)
Como acabamos de ver, o IDR causa muita confusão quanto ao nome, pois tanto podem ser encontrados no mercado como DR tanto como IDR, mas duvido que após esse post você ainda tenha dúvidas quanto a isso.
Agora que isso ficou claro, iremos entender qual é a função de um IDR na instalação e quando ele dever ser utilizado.
O IDR é um dispositivo que protege a instalação exclusivamente contra fuga de corrente, isso quer dizer que sua função primordial é detectar correntes de falta no sistema e provocar seu seccionamento o mais rápido possível para evitar danos fatais aos usuários.
Então, para que ele cumpra sua função de proteção, deve ser utilizado um IDR de alta sensibilidade cujo valor limite de corrente diferencial residual suportado por ele é 30 mA.
Mas não pense que esse valor é escolhido por acaso. 30 mA é a máxima intensidade de corrente elétrica que um ser humano pode suportar em seu organismo por um curto período de tempo sem danos permanentes.
Pois bem, além da função de proteção, o uso do IDR também apresenta uma vantagem muito interessante, que é o de evitar que sua conta de energia venha muito alta devido a vazamentos de corrente.
Isso ocorre porque ele consegue perceber correntes de falta no circuito e desarma, assim você consegue detectar o problema e resolver.
Funcionamento do IDR
Em condições normais, a soma das correntes que percorrem os condutores vivos do circuito é igual a zero, mesmo que haja desequilíbrio de correntes. Sabendo disso, o funcionamento do IDR ocorre quando o fluxo resultante no núcleo do transformador é diferente de zero, isto é, quando existir uma corrente diferencial residual.
Neste caso, é gerada uma força eletromotriz na bobina secundária, e uma corrente percorrerá a bobina do núcleo do disparador. Quando essa corrente de fuga for igual ou superior à corrente nominal de atuação do dispositivo, o fluxo criado no núcleo do disparador pela corrente proveniente da bobina secundária do transformador provocará a desmagnetização do núcleo, abrindo o contato da parte móvel e, consequentemente, os contatos principais do dispositivo.
Até aqui, já podemos perceber que o uso do IDR é indispensável na instalação, agora precisamos saber onde ele deve ser utilizado.
Onde utilizar o IDR
Conforme NBR 5410:2014, item 5.1.3.2.2, o uso do IDR com corrente diferencial residual nominal (IΔn) igual ou inferior a 30 mA é obrigatório em alguns casos específicos, conforme abaixo:
- Em circuitos que sirvam de ponto de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou banheira;
- Em circuitos que alimentem tomadas situadas em áreas externas à edificação;
- Em circuitos que alimentem tomadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos nas áreas externas;
- Em circuitos que sirvam de pontos de utilização situados em cozinhas, copas, lavanderias, áreas de serviço, garagem e demais dependências internas molhadas ou sujeitas à lavagem.
Além disso, a norma não especifica a obrigatoriedade deste dispositivo por ponto, por circuito ou por grupo de circuito. Mas não é recomendada a utilização de apenas um IDR para toda instalação elétrica residencial, pois isso provocaria o completo desligamento da instalação em caso de desarmamento do IDR e dificultaria o rastreamento do problema.
Disjuntor diferencial residual (DDR)
O DDR é um dispositivo de proteção que possui tantos a função de um disjuntor termomagnético (DTM) como a função de um interruptor diferencial-residual (IDR) em um só. Dessa forma, ele consegue atuar contra curtos-circuitos e sobrecargas e também contra fugas de corrente.
Em outras palavras, o DDR é como se fosse um IDR mais completo e com a função de disjuntor, não é simples? Portanto, seu funcionamento é similar ao que já vimos anteriormente e ele pode, inclusive, servir como substituto do IDR na instalação.
Dessa forma, a única desvantagem dos DDRs é que costumam ser mais difíceis de encontrar no mercado e, consequentemente, também são mais caros em relação aos DTMs e IDRs.
Dispositivo contra surtos (DPS)
Por fim, temos o DPS, que é um dispositivo que protege a instalação e os equipamentos ligados a ela, como televisores e geladeiras, durante uma chuva torrencial com descargas atmosféricas.
Ele funciona detectando uma sobretensão oriunda do surto elétrico, forçando a passagem dessa sobretensão para o sistema de aterramento. Dessa forma, para que haja uma proteção efetiva, é imprescindível um sistema de aterramento eficiente para que a corrente de surto possa ser escoada com segurança.
No caso dos DPSs que são instalados junto ao quadro de distribuição (DPS tipo II), eles devem ser colocados o mais próximo possível do ponto de alimentação, ou seja, é aconselhado que ele fique próximo ao disjuntor geral do quadro de distribuição. Além disso, devemos lembrar que todos os condutores devem ser protegidos, incluindo o neutro, quando não for aterrado.
Para finalizarmos nosso post, observe a imagem a seguir de um quadro de distribuição montado com todos os dispositivos de seccionamento e proteção que acabamos de estudar e tente identificá-los com o que você aprendeu aqui.
.Então, engenheiros, ficamos por aqui. Desejo muito que você tenha sanado todas as duas dúvidas dobre os dispositivos seccionamento e proteção, mas se ainda ficou alguma, não hesite em deixar seu comentário!
Agora, se você se interessa pela área de Instalações Elétricas, eu te convido a conhecer o e-Book gratuito que preparamos pra você, tá bom?
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Fonte:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, p. 217. 2004.
CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
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Engenheira Civil pela Universidade Federal do Piauí, engenheira de obra, perita judicial e pós-graduanda em Avaliação, Auditoria e Perícias de Engenharia.
Muito bom, ótimo conteúdo…parabéns…….
Muito orbiagada, José!
Muito bem resumido, parabéns. Como engenheiro eletricista, é excelente ter este texto como um guia à mão para indicar para os mais leigos.
Eu que agradeço, Manoel! 🙂