Nesse post, você aprenderá como dimensionar uma estação de tratamento de água, como calcular as dimensões de uma calha Parshall, de um floculador, de um decantador e de um filtro, em função da vazão de captação.
Como já sabemos, tratamento de água é um assunto muito sério, pois é a partir dele que podemos consumir a nossa preciosa água de maneira segura.
Sabemos também que a grande maioria dos mananciais se encontram impróprios para o consumo direto por causa da poluição desenfreada em todo o mundo.
É por essa razão que as estações de tratamento de água (ETAs) são cada dia mais necessárias.
Uma das fases indispensáveis para a construção de uma ETA e que nós, engenheiros, devemos saber, é o dimensionamento de cada uma das etapas: coagulação, floculação, decantação e filtração.
Esse dimensionamento, se feito de maneira incorreta, pode acarretar um mau funcionamento da estação de tratamento.
Isso pode provocar um fornecimento de água a uma vazão de distribuição insatisfatória para a população abastecida e, assim, gerar muitos transtornos.
Portanto, vale a pena conferir nosso post e, caso você deseje saber mais sobre uma ETA e como ela funciona, recomendamos que leia o post anterior: Estação de tratamento de água: entenda como funciona.
Boa leitura!
COMO É FEITO O DIMENSIONAMENTO DAS ETAPAS DE UMA ETA
ETAPA 1: COAGULAÇÃO
No nosso post anterior, explicamos como é feita a coagulação e que ela deve ocorrer em um alto grau de agitação.
Isso ocorre porque o reagente precisa se misturar na água no menor tempo possível e, para isso, um dos métodos mais eficazes é por meio do ressalto hidráulico.
Ressalto hidráulico é um fenômeno que ocorre na transição de um escoamento torrencial para um escoamento fluvial como mudança brusca no nível d’água.
O dispositivo muito usado nas estações de tratamento de água para provocar um ressalto hidráulico é a chamada Calha Parshall.
Na calha, o gradiente de velocidade recomendado deve estar entre 600s-1 e 2000s-1, a velocidade da água deve ser maior que 2m/s e o tempo de dispersão do reagente deve ser aproximadamente 1s.
A largura da calha, por sua vez, deve ser escolhida em função da vazão de água que passa por ela.
Primeiro, determina-se o intervalo, na tabela 2, que se encontra a vazão da água captada, então escolhe-se o valor da largura da garganta da calha (W) imediatamente abaixo desse intervalo.
Fórmulas necessárias
Passos | Fórmula | Unidade | Descrição |
1 | Altura da água na seção de medição: ho=k.Qn | m | Onde:
k e n são coeficientes, tabela 2 e Q é vazão (m³/s) |
2 | Largura da calha na seção de medição: D’=(2/3).(D-W)+W | m | Onde:
D e W são dimensões (m), tabela 1 |
3 | Velocidade na seção de medição: Vo=Q/D’ho | m/s | Já descritos. |
4 | Vazão específica na garganta da calha: q=Q/W | m³/s/m | Já descritos. |
5 | Carga hidráulica disponível:
Eo=Vo2/2g +ho+N |
m | Onde:
N é dimensão (m), tabela 1 |
6 | Ângulo:
cosƟ= g.q/((2/3)g.Eo)1,5 |
graus | Onde:
g é aceleração da gravidade (m/s²) |
7 | Velocidade antes do ressalto:
V1=2.cos(Ɵ/3).((2.g.Eo)/3)1/2 |
m/s | Já descritos. |
8 | Altura da água antes do ressalto:
h1=q/V1 |
m | Já descritos. |
9 | Número de Froude:
h2=(h1/2).(1+8.F1²)1/2-1) |
Já descritos. | |
10 | Altura do ressalto:
h2=(h1/2). |
m | Já descritos. |
11 | Velocidade do ressalto:
V2=Q/(W.h2) |
m/s | Já descritos. |
12 | Altura na seção de saída:
h3=h2-(N-K) |
m | Onde:
N e K são dimensões (m), tabela 1 |
13 | Velocidade na seção de saída: V3=Q/(C.h3) | m/s | Onde:
C é dimensão (m), tabela 1 |
14 | Perda de carga no ressalto:
hf=(h2-h1)³/(4.h1.h2) |
m | Já descritos. |
15 | Tempo de mistura:
t=2.G’/(V2+V3) |
s | Onde:
G’ é dimensão (m), tabela 1 |
16 | Gradiente de velocidade:
G=((Ƴ/µ).(hf/t))1/2 |
s-1 | Onde:
Ƴ=1000kgf/m³ e µ=1,17×10-4kgf.m²/s |
ETAPA 2: FLOCULAÇÃO
Nesta etapa precisamos dimensionar o floculador para que ele consiga funcionar de modo a não permitir que os flocos em formação se sedimentem antes do tempo ou que se desagreguem.
Para isso, é necessário que o gradiente de velocidade seja respeitado, que geralmente deve ficar entre 20 e 80s-1.
Para o cálculo das dimensões e quantidades de floculadores que serão necessários numa estação de tratamento de água, leva-se em consideração a vazão, assim como na etapa anterior.
Fórmulas necessárias
Passos | Fórmula | Unidade | Descrição |
1 | Potência:
Pot=Kt.ρ.n³.D5 |
W | Onde:
D é o diâmetro do rotor (m) n é a rotação do rotor (rps) Kt é coeficiente e depende do tipo de rotor, tabela 3 ρ é massa específica da água (kg/m³) |
2 | Gradiente de velocidade:
G= (Pot/(µ.Vol))1/2 |
m/s | Onde:
µ é viscosidade dinâmica da água (kgf.s/m²); Vol é volume (m³) |
3 | Volume de um floculador:
Vf=Q.Ɵh |
m³ | Onde:
Q é vazão para cada floculador (m³/s) e Ɵh é o tempo de detenção (min) |
4 | Área superficial do floculador:
As=Vf/h |
m² | Onde:
h é a profundidade (m) |
5 | Largura do floculador:
Bf=As/L |
m | Onde:
L é o comprimento (m) do floculador e depende da largura do decantador |
6 | Número de espaçamentos entre chicanas em cada câmara:
n=0,045.[(a.L.G/Q)².Ɵc]1/3 |
Onde:
a é a largura do canal (m) e Ɵc é o tempo de detenção por canal (min) |
|
7 | Espaçamento entre chicanas:
e=L/n |
m | Já descritos. |
8 | Velocidade nos trechos retos:
V1=Q/(a.e) |
m/s | Já descritos. |
9 | Velocidade nos trechos curvos:
V2=(2/3).V1 |
m/s | Já descritos. |
10 | Extensão dos canais:
Lt=Ɵc.V1 |
m | Já descritos. |
11 | Raio hidráulico:
Rh=a.e/[2.(a+e)] |
m | Já descritos. |
12 | Perda de carga unitária:
j=[Q.C/(e.a.Rh(2/3)]² |
m/m | Onde:
C=0,013 |
13 | Perda de carga distribuída:
ΔHd=j.Lt |
m | Já descritos. |
14 | Perda de carga localizada:
ΔHl=[n.V1²+(n-1).V2²]/(2.g) |
m | Onde:
g é a aceleração da gravidade (m/s²) |
15 | Fórmula alternativa para o gradiente de velocidade:
G=[(γ.ΔHT)/(µ.Ɵc)]1/2 |
s-1 | Onde:
ΔHT = ΔHd+ ΔHl γ=1000kgf/m³ µ=1,07×10-4kgf.s/m² |
ETAPA 3: DECANTAÇÃO
Na etapa de sedimentação, precisamos determinar quantas unidades serão necessárias e quais serão suas dimensões.
Para isso, devemos calcular a taxa de escoamento superficial das partículas presentes na água:
- Para águas turvas está entre 30 e 60m³/m²/dia;
- Para águas claras está entre 15 e 45m³/m²/dia.
Deve-se levar em conta que a velocidade de escoamento da água no decantador deve ser inferior a 1,25cm/s e que o tempo de detenção deve estar entre 2,5 e 4h para que a sedimentação das partículas possa ocorrer.
Outro fator de projeto que deve ser respeitado para o dimensionamento é a relação entre o comprimento e a largura do decantador, que deve estar entre 2,25 e 4 e a profundidade entre 3 e 5m.
Fórmulas necessárias
Passos | Fórmula | Unidade | Descrição |
1 | Taxa de escoamento superficial: q=Q/As | m³/m²/dia | Onde:
Q é vazão em por decantador (m³/dia) e As é Área superficial mínima do decantador (m²) |
2 | Tempo de detenção hidráulico: Ɵh=Vdec/Q | h | Onde:
Vdec é o volume do decantador (m³) |
3 | Velocidade horizontal das partículas:
Vh=Q/Ah |
cm/s | Onde:
Ah é a área da seção transversal (m²) |
ETAPA 4: FILTRAÇÃO
Para o dimensionamento desta etapa, precisamos determinar qual será o meio filtrante (granulometria dos matérias e quantidade de camadas) e se a taxa de filtração será constante ou não.
A taxa de filtração se dá a partir da espessura e material do meio filtrante:
- Camada simples de areia (diâmetro de 0,5mm): 120m³/m²/dia
- Dupla camada areia-antracito: 240m³/m²/dia
- Camada simples de areia (diâmetro de 1,2 a 2mm): 360 a 480m³/m²/dia
O número de filtros será sempre em função da quantidade de decantadores, de modo que cada decantador receba a mesma quantidade de filtros e que essa quantidade seja igual ou superior ao número de filtros necessários para uma dada vazão.
As dimensões do filtro são dadas pela fórmula:
1+X=L, onde L é a largura do filtro acrescida de 1m, que será usado para o escoamento da água de lavagem do filtro;
X.Y=A, onde X e Y são largura e comprimento, respectivamente e A é a área individual de um filtro.
Fórmulas necessárias
Passos | Fórmula | Unidade | Descrição |
1 | Taxa de filtração:
q=Q/Atotal |
m³/m²/dia | Onde:
Q é vazão (m³/dia) e Atotal é área de filtração (m²) |
2 | Número mínimo de filtros:
N=1,2.Q0,5 |
Onde:
Q é vazão (mgd) *1mgd=3785m³/dia |
|
3 | Área do filtro:
Af=Atotal/N |
m² | Já descritos. |
EXEMPLO PRÁTICO
Agora que já vimos as formulações necessárias para o dimensionamento de uma estação de tratamento de água, vamos aplicá-las! Dimensionaremos agora uma estação que recebe uma vazão máxima de 1 m³/s.
Etapa 1: dimensionamento da Calha Parshall
Passo 1: Altura da água na seção de medição
Dados: Q=1m³/s
De acordo com a tabela 2: Q=1000L/s => k=0,505 e n=0,634
ho = kQn = 0,505.10,634 = 0,505m
Passo 2: Largura da calha na seção de medição:
Por meio das tabelas obtemos os seguintes valores: W=4’=1,22m (tabela 2) => D=1,938m (tabela 1), logo:
D’=(2/3)(D-W)+W = (2/3).(1,938-1,22)+1,22 = 1,70m
Passo 3: Velocidade na seção de medição:
Vo=Q/D’ho = 1/(1,7.0,505) = 1,16m/s
Passo 4: Vazão específica na garganta da calha:
q=Q/W = 1/1,22 = 0,820m³/s/m
Passo 5: Carga hidráulica disponível:
Eo=Vo²/2g +ho+N = 1,16²/(2.9,81)+0,505+0,229 = 0,802m
Passo 6: Ângulo:
\mathrm{cosθ=\dfrac{g.q}{[(2/3)g.E_o]^{1,5}}=\dfrac{9,81.0,82}{[(2/3)9,81.0,802]^{1,5}}=0,67}
Ɵ=arccos(0,67)=cos-1(0,67)=47,96°
Passo 7: Velocidade antes do ressalto:
V1=2.cos(Ɵ/3).((2.g.Eo)/3)1/2
V1=2.cos(47,96°/3).((2.9,81.0,802)/3)1/2 = 4,403m/s
Passo 8: Altura da água antes do ressalto:
h1=q/V1 = 0,820/4,403 = 0,186m
Passo 9: Número de Froude:
F1=V1/(g.h1)1/2
F1=4,403/(9,81.0,186)1/2 = 3,259
Passo 10: Altura do ressalto:
h2=(h1/2).(1+8.F1²)1/2-1)
h2=(0,186/2).(1+8.3,259²)1/2-1) = 0,769m
Passo 11: Velocidade do ressalto:
V2=Q/(W.h2) = 1/(1,22.0,769) = 1,066m/s
Passo 12: Altura na seção de saída:
Dados: De acordo com a tabela 1: K=0,076m
h3=h2-(N-K) = 0,769-(0,229-0,076) = 0,616m
Passo 13: Velocidade na seção de saída:
Dados: De acordo com a tabela 1: C=1,525m
V3=Q/(C.h3) = 1/(1,525.0,616) = 1,064m/s
Passo 14: Perda de carga no ressalto:
hf=(h2-h1)³/(4.h1.h2) = (0,769-0,186)³/(4.0,186.0,769) = 0,346m
Passo 15: Tempo de mistura:
Dados: De acordo com a tabela 1: G’=0,915m
t=2.G’/(V2+V3) = 2.0,915/(1,066+1,064) = 0,859s
Passo 16: Gradiente de velocidade:
Dados: γ=1000kgf/m³ e µ=1,17×10-4kgf.s/m²
G=((γ/µ).(hf/t))1/2
G=((1000/1,17×10-4).(0,346/0,859))1/2 = 1863,473s-1
Para a vazão dada, foi dimensionada uma calha Parshall de 4’(1220mm), que confere à água velocidade de 4,403m/s, tempo de mistura de 0,859s e gradiente de velocidade 1863,473s-1, dentro dos limites recomendados.
Etapa 2: dimensionamento do floculador
Dados iniciais:
Tempo de detenção: 25min;
Gradientes dos 3 câmaras (canais) em série escalonados: 80,50 e 20s-1;
Profundidade: 4,5m;
Número de unidades: 04;
Largura do decantador (próxima etapa): 14m;
Passo 1: Volume de cada floculador:
Dados: Q=1/4=0,25m³/s e Ɵh=25min=1500s
Vf=Q.Ɵh = 0,25.1500 = 375m³
Passo 2: Área superficial do floculador:
As=Vf/h = 375/4,5 = 83,333m²
Passo 3: Largura do floculador:
Dados: L=14m
Bf=As/L = 83,333/14 = 5,952m
Passo 4: Número de espaçamentos entre chicanas em cada câmara:
Dados:
Existem 3 canais por floculador com 80 s-1, 50 s-1 e 20 s-1, respectivamente
a=Bf/N=5,952/3=1,984m
Ɵc=Ɵh/N=25/3=8,333min
n=0,045.[(a.L.G/Q)².Ɵc]1/3
n1=0,045.[(1,984.14.80/0,25)².8,333]1/3 = 39,147
n1=40
n2=0,045.[(1,984.14.50/0,25)².8,333]1/3 = 28,616
n2=29
n3=0,045.[(1,984.14.20/0,25)².8,333]1/3 = 15,535
n3=16
Passo 5: Espaçamento entre chicanas:
e=L/n
e1=14/40 = 0,350m
e2=14/29 = 0,483m
e3=14/16 = 0,875m
Passo 6: Velocidade nos trechos retos:
V1=Q/(a.e)
V11=0,25/(1,984.0,350) = 0,360m/s
V12=0,25/(1,984.0,483) = 0,260m/s
V13=0,25/(1,984.0,875) = 0,144m/s
Passo 7: Velocidade nos trechos curvos:
V2=(2/3).V1
V21=(2/3).0,360 = 0,240m/s
V22=(2/3).0,260 = 0,173m/s
V23=(2/3).0,144 = 0,096m/s
Passo 8: Extensão dos canais:
Dados: Ɵc=8,333min=500s
Lt=Ɵc.V1
Lt1=500.0,360 = 180m
Lt2=500.0,260 = 130m
Lt3=500.0,144 = 72m
Passo 9: Raio hidráulico:
Rh=a.e/[2.(a+e)]
Rh1=1,984.0,350/[2.(1,984+0,350)] = 0,149m
Rh2=1,984.0,483/[2.(1,984+0,483)] = 0,194m
Rh1=1,984.0,875/[2.(1,984+0,875)] = 0,304m
Passo 10: Perda de carga unitária:
Dados: Q=1/4=0,25m³/s e C=0,013
j=[Q.C/(a.e.Rh(2/3))]²
j1=[0,25.0,013/(1,984.0,350.0,149(2/3))]² = 2,773 x 10-4m/m
j2=[0,25.0,013/(1,984.0,483.0,194(2/3))]² = 1,024 x 10-4 m/m
j3=[0,25.0,013/(1,984.0,875.0,304(2/3))]² = 1,715 x 10-5 m/m
Passo 11: Perda de carga distribuída:
ΔHd=j.Lt
ΔHd1=2,773.10-4.180 = 0,050m
ΔHd2=1,024.10-4.130 = 0,013m
ΔHd3=1,715.10-5.72 = 0,001m
Passo 12: Perda de carga localizada:
Dados: g=9,81m/s²
ΔHl=[n.V1²+(n-1).V2²]/(2.g)
ΔHl1=[40.0,360²+(40-1).0,240²]/(2.9,81) = 0,379m
ΔHl2=[29.0,264²+(29-1).0,176²]/(2.9,81) = 0,147m
ΔHl3=[16.0,144²+(16-1).0,096²]/(2.9,81) = 0,024m
Passo 13: Gradiente de velocidade:
Dados:
ΔHT= ΔHd+ ΔHl
ΔHT1=0,050+0,379=0,429m
ΔHT2=0,013+0,147=0,160m
ΔHT3=0,001+0,024=0,025m
γ=1000kgf/m³
µ=1,07×10-4kgf.s/m²
G=((γ.ΔHT)/(µ.Ɵc))1/2
G1=((1000.0,429)/(1,07×10-4.500))1/2 = 89,547 s-1
G21=((1000.0,160)/(1,07×10-4.500))1/2 = 54,687 s-1
G3=((1000.0,025)/(1,07×10-4.500))1/2 = 21,617 s-1
Acabamos de dimensionar 4 unidades floculadoras, cada uma com 3 canais, com gradientes de velocidade escalonados de 90, 55 e 22 s-1.
Cada um desses canais, conforme cálculo, deverão possuir 40, 29 e 16 espaçamentos de 0,350, 0,483 e 0,875m de distância, respectivamente, para que obedeçam aos gradientes de velocidade especificados na questão.
Etapa 3: dimensionamento do decantador
Dados iniciais:
Velocidade de sedimentação: 35m/dia;
Número de unidades: 04;
Profundidade: 4m.
Passo 1: Área mínima do decantador:
Dados: Q=1/4=0,25m³/s=21600m³/dia e Vs=35m/dia
As=Q/q
As=21600/35=617,143m²
Passo 2: Tempo de detenção hidráulico:
Dados: Vdec=617,143.4=2468,572m³ e Q=1/4=0,25m³/s
Ɵh=Vdec/Q
Ɵh=2468,572/0,25= 9874,288s
Passo 3: Largura do decantador:
Dados: L=4B
B=As/L
B=617,143/(4B) =>
B=12,421m e L=50m
Passo 4: Taxa de escoamento superficial:
q=Q/(B.L)
q=21600/(12,5.50)= 34,56m³/s/m²
Foram dimensionadas 4 unidades de decantação de 12,5x50m. Essas dimensões garantem a sedimentação das partículas, pois a taxa de escoamento superficial, neste caso, é menor que a velocidades de sedimentação.
Etapa 4: dimensionamento dos filtros
Dados iniciais:
Dupla camada de areia-antracito;
Taxa de filtração: 240m³/m²/dia;
4 decantadores na etapa anterior com largura de 12m cada;
Passo 1: Número mínimo de filtros:
Dados: Q=1m³/s=22,827mgd
N=1,2.Q0,5 = 1,2.(22,827)0,5 = 5,7 => 6
*6 é o número mínimo de filtros, mas como temos 4 decantadores, opta-se por colocar 2 filtros para cada, o que dá um total de 8 filtros.
Passo 2: Área de filtração:
Dados: Q=1m²/s=86400m³/dia e q=240m³/m³/dia
Atotal=Q/q=86400/240 = 360m²
Passo 3: Área do filtro:
Af=Atotal/N=360/8 = 45m²
Passo 4: Largura do filtro:
Dados: L=6m, pois temos 2 filtros para cada decantador de 12m
1+X=L=>X=6-1=5m
Passo 5: Comprimento do filtro:
X.Y=Af=>Y=45/5=9m
Como resultado do dimensionamento, tem-se 8 filtros com dimensões de 5x9m.
E, assim, por meio de conceitos e muitos cálculos, é possível projetar e construir uma Estação de Tratamento de Água que funcione satisfatoriamente.
Esperamos que esse post tenha ajudado você a entender como é feito o dimensionamento de uma estação de tratamento de água.
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Fonte:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12216 – Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 1992.
CASTRO, Carmen Maria Barros de. Ponto 1 – A Qualidade da Água / Ponto – 2 Introdução ao Tratamento da Água. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2008a.
_____. Ponto 3 – Coagulação e Floculação. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2008b.
_____. Ponto 4 – Sedimentação/Decantação. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2008c.
_____. Ponto 5 – Filtração. Porto Alegre: Gráfica UFRGS, 2008d.
DI BERNARDO, Luiz; DANTAS, Angela Di Bernardi. Métodos e técnicas de tratamento de água. 2. ed. São Paulo: Rima, 2005.
Engenheira Civil pela Universidade Federal do Piauí, engenheira de obra, perita judicial e pós-graduanda em Avaliação, Auditoria e Perícias de Engenharia.
Excelente conteúdo. Como sugestão podia colocar também um modelo semelhante para dimensionamento de estação de tratamento de resíduos.
Muito obrigada pela sugestão, Carlos.
Oi! Qual a sua fonte para as fórmulas? qual autor? Obrigada
Oi! Usei as fórmulas de um material fornecido em sala de aula pelo professor de Saneamento da UFPI. O autor não me recordo, mas posso procurar.
Olá, as fontes foram inseridas no final do post.
Muito Bom, estou aplicando as fórmulas em uma planilha do excell. O valor de 9,81 referente a aceleração da gravidade é fixo, né?
Boa tarde,
Estou apanhando na fórmula do cálculo do angulo da calha Parshal, poderia me explicar como chegou ao ângulo de 47,96º? Naõ estou conseguindo achar a fórmula correta no excel para a expressão: “Ɵ=cos-1(0,67)”
Ricardo, tenta =GRAUS[ACOS(0,670)] no Excel.
Boa tarde. Também não entendi este calculo. Poderia me ajudar?
Claro, Laura, tenta =GRAUS[ACOS(0,670)] no Excel, creio que vai dar certo.
É sim, Ricardo
boa tarde se fosse para 1000m3 mudaria muito os valores?
Bom dia! Sem dúvida, Gabriela
O conteúdo é muito bom e o exemplo é bastante esclarecedor. Gostaria de saber se tem como vocês publicarem ou recomendarem algum conteúdo sobre os métodos de dosagem química dos produtos utilizados no tratamento de água e esgoto doméstico.
Olá Marcos, vou tentar escrever algo a respeito sim, muito obrigada pela sugestão 🙂
Muito obrigado.
Tenho que fazer um projeto desse em uma cadeira da faculdade, mas ainda não entendi onde a projeção de população se encaixa,
Já que eu vou adotar uma vazão inicial. Sei que a vazão tem que atender a projeção da população, mas ainda não entendi a relação com os cálculos.
Oi Enny, realmente não abordamos a fundo a influência da população nos cálculos porque o post é mais direcionado para o dimensionamento da estação em si, mas fica a dica para um post futuro. Pra ir te adiantando, uma das expressões utilizadas para determinar a vazão é:
Qméd=P.q/86400
Onde:
– Qméd (l/s);
– P é a população (hab.);
– q é o consumo por pessoa (l/hab.dia).
Qual a fonte dos cálculos da calha tipo Parshall? Obrigada
Olá, todas as fontes utilizadas encontram-se no final desse post.
Parabéns. Amei o conteúdo. Me ajudou muito
Eu que agradeço!
Uma aula de primeira qualidade onde a teoria bem apresentada e logo após o exemplo pratico.
Só agradecimentos e Parabéns pela divulgação e qualidade da apresentação.
Eu que agradeço, Djalma! 🙂
Parabéns, excelente conteúdo!
Obrigada, Liana!
Cara Dandara, parabéns pelo carinho de doar seu tempo para divulgar seu conhecimento. Parabéns a seu professor também. Aguardo o de ETE ( 🙂 ).
Agradeço muito, Alvaro! 🙂
Boa tarde, na etapa de floculação, mais especificamente no passo 10, gostaria de saber o que é o valor “C” e se você poderia explicar a unidade “m/m”. Obrigada, seu texto está muito didático.
Muito bom o conteúdo, meus parabéns. Está me ajudando bastante.
Muito obrigada!