Instalações sanitárias: dimensionamento

Você também tem dúvidas de como deve ser feita o correto dimensionamento das tubulações sanitárias de uma edificação?

Então você está no lugar certo!

Esse é o terceiro post da coletânea sobre Instalações Sanitárias que estamos preparando e, nele, iremos lhe ensinar a fazer o dimensionamento das tubulações de esgoto sanitário predial pelo método das Unidades de Hunter de Contribuição (UHC), de acordo com a ABNT NBR 8160/1999.

Se ainda não leu nossos posts anteriores sobre o subsistema de coleta e transporte de esgoto predial e sobre ventilação, recomendamos que dê uma rápida olhada.

Agora, vamos lá?

Dimensionamento dos elementos de coleta e transporte

Desconector

Já sabemos um desconector é um dispositivo provido de fecho hídrico, destinado a vedar a passagem de gases mal cheiroso provenientes do esgoto para o ambiente.

Dessa forma, para que esses gases sejam bloqueados, algumas dimensões mínimas devem ser respeitadas, vejamos.

Condições mínimas para todo desconector

  • Altura mínima do fecho hídrico: 5 cm;
  • Diâmetro do orifício de saída igual ou superior ao do ramal de descarga a ele conectado (orifício de entrada).
Fecho hídrico (f), diâmetro do orifício de entrada (DNentrada) e diâmetro do orifício de saída (DNsaída).
Fecho hídrico (f), diâmetro do orifício de entrada (DN entrada) e diâmetro do orifício de saída (DN saída)

 

Condições mínimas para as caixas sifonadas

Já no caso das caixas sifonadas, que é um tipo específico de desconector, as seguintes condições mínimas devem ser respeitadas:

  • Quando receberem efluentes de aparelhos sanitários até o limite de 6 UHC, o DN mínimo é de 100 mm;
  • Quando receberem efluentes de aparelhos sanitários até o limite de 10 UHC, o DN mínimo é de 125 mm;
  • Quando receberem efluentes de aparelhos sanitários até o limite de 15 UHC, o DN mínimo é de 150 mm.

No caso do ramal de saída (ou de esgoto) da caixa sinfonada, deve ser dimensionado conforme indicado na tabela 2.

Diâmetro nominal da caixa sinfonada (DN) e diâmetro do ramal de esgoto (DN ramal de esgoto).
Diâmetro nominal da caixa sifonada (DN) e diâmetro do ramal de esgoto (DN ramal de esgoto)

Ramais de descarga e de esgoto

Para os ramais de descarga, devem ser adotados no mínimo os diâmetros apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Unidades de Hunter de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal mínimo dos ramais de descarga

Unidades de Hunter de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal mínimo dos ramais de descargaPara os aparelhos não relacionados na tabela 1, devem ser estimadas as UHC correspondentes e o dimensionamento deve ser feito com os valores indicados na tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Unidades de Hunter de contribuição para aparelhos não relacionados na anterior

Unidades de Hunter de contribuição para aparelhos não relacionados na anteriorPara os ramais de esgoto, deve ser utilizada a tabela 3 abaixo.

Tabela 3 – Dimensionamento de ramais de esgoto

Dimensionamento de ramais de esgotoTubo de queda

Vamos agora aprender a dimensionar a tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de esgoto e ramais de descarga, o conhecido tudo de queda.

Esses tubos podem ser dimensionados conforme valores indicados na tabela 4 abaixo, tomado por base o somatório de todas as unidades Hunter de contribuição da edificação.

Tabela 4  – Dimensionamento de tubos de queda

Dimensionamento de tubos de queda

Condições para tubos de queda com desvios

Quando os tubos de queda apresentam desvios na vertical, devem ser dimensionados da seguinte forma:

Quando o desvio formar ângulo igual ou inferior a 45° com a vertical, o tubo de queda é dimensionado com os valores indicados na tabela 4 acima;

Tubo de queda com ângulo igual ou inferior a 45° com a vertical.
Tubo de queda com ângulo igual ou inferior a 45° com a vertical

Já quando o desvio formar ângulo superior a 45° com a vertical, o tubo deve ser dimensionado em partes, conforme o que se segue:

  • A parte do tubo de queda acima do desvio como um tubo de queda independente, com base no número de unidades de Hunter de contribuição dos aparelhos acima do desvio, de acordo com os valores da tabela 4;
  • A parte horizontal do desvio de acordo com os valores da tabela 5 abaixo;
  • A parte do tubo de queda abaixo do desvio, com base no número de unidades de Hunter de contribuição de todos os aparelhos que descarregam neste tubo de queda, de acordo com os valores da tabela 4, não podendo o diâmetro nominal adotado, neste caso, ser menor do que o da parte horizontal.
Tubo de queda com ângulo superior a 45° com a vertical.
Tubo de queda com ângulo superior a 45° com a vertical

Subcoletores e coletor predial

O coletor predial e os subcoletores podem ser dimensionados pela somatória das UHC, conforme os valores da tabela 5 abaixo.

Nesta situação, vale lembrar que, no caso exclusivo de prédios residenciais, deve ser considerado apenas o aparelho de maior descarga de cada banheiro para a somatória do número de unidades de Hunter de contribuição. E também que o coletor predial deve ter diâmetro nominal mínimo de 100 mm.

Tabela 5 – Dimensionamento de subcoletores e coletor predial

Dimensionamento de subcoletores e coletor predial

Dispositivos complementares

Caixa de gordura

Como já vimos no post anterior, as caixas de gordura são caixas destinada a reter, na sua parte superior, as gorduras, graxas e óleos contidos no esgoto.

Desse modo, para que as elas possam cumprir sua função, as caixas de gordura devem ser dimensionadas da seguinte forma:

  • Para a coleta de apenas uma cozinha, pode ser usada a caixa de gordura pequena ou a caixa de gordura simples;
  • Para a coleta de duas cozinhas, pode ser usada a caixa de gordura simples ou a caixa de gordura dupla;
  • Para a coleta de três até 12 cozinhas, deve ser usada a caixa de gordura dupla;
  • Para a coleta de mais de 12 cozinhas, ou ainda, para cozinhas de restaurantes, escolas, hospitais, quartéis, etc., devem ser previstas caixas de gordura especiais.

Agora que sabemos qual tipo escolher para cada situação, veremos agora quais as características de cada uma das caixas de gordura citadas anteriormente.

Tipos de caixas de gordura e suas características
Dimensões de uma caixa de gordura: altura (A), diâmetro interno (d3), diâmetro da tubulação de entrada (D2) e diâmetro da tubulação de saída (D1)
Dimensões de uma caixa de gordura: altura (A), diâmetro interno (d3), diâmetro da tubulação de entrada (D2) e diâmetro da tubulação de saída (D1)

Condições mínimas para a caixa de gordura pequena

  • Diâmetro interno mínimo: 0,30 m;
  • Parte submersa do septo: 0,20 m;
  • Capacidade de retenção mínima: 18 L;
  • Diâmetro nominal mínimo da tubulação de saída: DN 75;

Condições mínimas para a caixas de gordura simples

  • Diâmetro interno mínimo: 0,40 m;
  • Parte submersa do septo: 0,20 m;
  • Capacidade de retenção mínima: 31 L;
  • Diâmetro nominal mínimo da tubulação de saída: DN 75;

Condições mínimas para a caixa de gordura dupla

  • Diâmetro interno mínimo: 0,60 m;
  • Parte submersa do septo: 0,35 m
  • Capacidade de retenção mínima: 120 L;
  • Diâmetro nominal mínimo da tubulação de saída: DN 100;

Condições mínimas para a caixa de gordura especial

  • Distância mínima entre o septo e a saída: 0,20 m;
  • Altura molhada: 0,60 m;
  • Parte submersa do septo: 0,40 m;
  • Diâmetro nominal mínimo da tubulação de saída: DN 100.
  • Volume da câmara de retenção de gordura:

V = 2 N + 20

Onde:

– N é o número de pessoas servidas pelas cozinhas que contribuem para a caixa de gordura no turno em que existe maior afluxo;

– V é o volume (L);

Caixa de passagem

Sabendo que as caixas de passagem são dispositivos destinados apenas a realizar a junção de tubulações do subsistema de esgoto sanitário, temos abaixo algumas recomendações para seu dimensionamento.

Características recomendadas para as caixas de passagem

  • Quando cilíndricas, ter diâmetro mínimo igual a 15 cm e, quando prismáticas de base poligonal, permitir na base a inscrição de um círculo de diâmetro mínimo igual a 15 cm;
  • Ser providas de tampa cega, quando previstas em instalações de esgoto primário;
  • Ter altura mínima igual a 10 cm;
  • Ter tubulação de saída dimensionada pela tabela de dimensionamento de ramais de esgoto, sendo o diâmetro mínimo igual a DN 50.

Dispositivos de inspeção

Os dispositivos de inspeção são peças ou recipientes que possui em diversas funções, entre elas: permitir a inspeção, limpeza, desobstrução, junção, mudanças de declividade ou de direção das tubulações.

Dentre os dispositivo de inspeção mais comuns temos: as caixas de inspeção e os poços de visita. Com isso, veremos abaixo algumas recomendações para assegurar o correto funcionamento desses dispositivos.

Características recomendadas para as caixas de inspeção

  • Profundidade máxima de 1,00 m;
  • Forma prismática, de base quadrada ou retangular, de lado interno mínimo de 0,60 m, ou cilíndrica com diâmetro mínimo igual a 0,60 m;
  • Tampa facilmente removível, permitindo perfeita vedação;
  • Fundo construído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar formação de depósitos.

Características recomendadas para os poços de visita

  • Profundidade maior que 1,00 m;
  • Forma prismática de base quadrada ou retangular, com dimensão mínima de 1,10 m, ou cilíndrica com um diâmetro interno mínimo de 1,10 m;
  • Degraus que permitam o acesso ao seu interior;
  • Tampa removível que garanta perfeita vedação;
  • Fundo constituído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar formação de sedimentos;
  • Duas partes, quando a profundidade total for igual ou inferior a 1,80 m, sendo a parte inferior formada pela câmara de trabalho (balão) de altura mínima de 1,50 m, e a parte superior formada pela câmara de acesso, ou chaminé de acesso, com diâmetro interno mínimo de 0,60 m.

Dimensionamentos das tubulações de ventilação

Para o dimensionamento do sistema de ventilação secundária, devem ser adotados os seguintes critérios:

Ramal de ventilação

O diâmetro nominal do ramal de ventilação não deve ser inferior aos limites determinados na tabela 6 abaixo.

Tabela 6 –Dimensionamento de ramais de ventilação

Tubo ventilador de circuito

O diâmetro nominal do tubo ventilador de circuito não deve ser inferior aos limites determinados na tabela 7 abaixo.

Tabela 7 –  Dimensionamento de colunas de ventilação em função da contribuição

http://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2019/04/dimensionamento.jpg

Tubo ventilador complementar

O diâmetro nominal do tubo ventilador complementar não deve ser inferior à metade do diâmetro do ramal de esgoto a que estiver ligado.

Ou seja:

\mathrm{DN_{VC}≥\dfrac{DN_{RE}}{2}}

Coluna de ventilação

O diâmetro nominal da coluna de ventilação deve estar de acordo com as indicações da tabela 7.

Barrilete de ventilação

O diâmetro nominal de cada trecho deve estar de acordo com a tabela 7, sendo que o número de UHC nesses trechos deve ser é a soma das unidades de todos os tubos de queda servidos pelo trecho.

Tubo ventilador de alívio

O diâmetro nominal do tubo ventilador de alívio deve ser igual ao diâmetro nominal da coluna de ventilação a que estiver ligado.

 

Pois bem, essas foram algumas recomendações para o correto dimensionamento das tubulações de esgoto predial. Se gostou, não deixe de seguir nosso blog e nosso canal no YouTube para receber mais posts como este!

Agora, para exercitar, clique aqui e acesse nosso exemplo prático de dimensionamento de Instalações Sanitárias.

E se ainda ficou com alguma dúvida, comente aqui embaixo. Até o próximo post!

3 comentários em “Instalações sanitárias: dimensionamento”

  1. Oi Dandara, como vai? Estou com uma dúvida em relação à caixa de gordura especial. A altura molhada deve ser fixada em 60 cm, ou esses 60 cm seria a altura molhada mínima que ela deve ter? Pois se fixarmos a altura em 60 cm, as dimensões de largura normalmente ficam muito elevadas. Poderia me explicar por gentileza?

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